quinta-feira, 31 de julho de 2008

DDT no Milo Garage

Bela entrevista dos Destruidores de Tóquio no site da Trama Virtual. Eles se apresentam hoje no Milo Garage. Recomendei ao Carlos Eduardo Miranda e ao Alex Antunes. Vamos ver a repercussão.

Cravo Carbono e pimenta nos olhos


Continua incerto o futuro da banda que revitalizou e tornou popular entre a classe média paraense a "guitarrada", estilo/gênero consagrado por Mestre Vieira de Barcarena. Como os leitores já devem saber, depois de trocas de farpas públicas na comunidade da banda no Orkut, o letrista/vocalista Lázaro Magalhães anunciou pela Internet seu afastamento do grupo.
A crise parece ter sido detonada por uma polarização de idéias e objetivos, principalmente entre o guitarrista Pio Lobato e Lázaro. Segundo Pio, o vocalista estaria muito mais ocupado com seu trabalho como jornalista, deixando a banda e m segundo plano. Como Pio e o baterista Vovô vivem exclusivamente de música, o quarteto, como eles mesmo disseram no Orkut, ficou dividido entre a "ala profissional" e a "ala amadora", completada pelo baixista/guitarrista Bruno Rabelo, que também se ocupa mais de seu emprego diurno do que do trampo musical.
Não tenho conversado com Lázaro, ainda que ele se manifeste pessoalmente vez ou outra no Orkut (o blog Cultura Maniçoba anunciou para breve uma entrevista exclusiva), mas eles se expuseram de tal forma que parece haver pouco mais a falar sobre a sua saída. Sobre isso parece que só resta lamentar, ou torcer para que haja um entendimento. Pio evita falar sobre o assunto mas é enfático em dizer que não vê possibilidade de retorno. Bruno afirma que a banda não acabou, mas não sabe na da a respeito do futuro. Lázaro o teria convidado para um novo projeto.
Enquanto a situação não se define fica um sentimento de perplexidade entre os internautas que acompanham as repercussões do caso. O que cria mais expectativa é a continuidade ou não do trabalho, que, todos concordam, é uma perda significativa para a música paraense.
Confesso que não é uma situação confortável comentar o assunto, por ser pessoa próxima aos artistas e por saber bem o que ocorre com a banda. Mas ainda que doa é preciso falar sobre isso. Nós, "músicos jornalistas" ou "jornalistas músicos", em casos como esses, nos vemos instigando nossos colegas nas redações ou sendo vítimas de uma complacência um tanto coorporativista que não favorece em nada os fãs da música.
Essa relação incestuosa que os artistas que não conseguem se manter da arte têm com outras profissões torna-se um problema para nós, "povos subdesenvolvidos da floresta", quando para muitos outros é uma das alternativas contemporaneas para sua sobrevivência. Convém, a quem o assunto interessa, refletir sobre isso.
Com 14 anos de carreira, a Norman Bates não tem "ala profissional". Mesmo o cara que poderia ser o mais talentoso na área estritamente musical optou por uma profissão que nada acrescenta à sua sensibilidade artística. Por um lado nos impôs a possibilidade de uma acordo (o que pressupõe alguma união) para preservar a nossa música. Conciliar nossas agendas pessoais, trabalho e família praticamente nos impõe o fato de jamais virmos a sobreviver exclusivamente de música. Será que se nos dedicássemos exclusivamente a ela essa realidade seria diferente?! Talvez. Mas não seria a mesma Norman Bates. Sem compromisso com o profissionalismo, a música crua e sem amarras proporciona expressões mais originais.
Por outro lado, qualquer um pode dizer que gosta de curtir o tempo de maturamento do processo todo, mas ninguém curte demorar seis anos para lançar o segundo disco. Não por necessidade! Não é "Chinese Democracy", é peia mesmo! Talvez bandas como Cravo Carbono e Norman Bates, que atravessaram a turbulenta década de 1990 e chegaram ao novo século, tenham seus dias contados mesmo. Talvez seja melhor assim, ou não.
Pimenta no dos outros é refresco.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Manifesto num domingo de julho


Joel Melo, compositor e guitarrista do Suzana Flag, fez duas músicas no dia seguinte ao primeiro Bafafá Pro Rock, que aconteceu no último dia 13 de julho na Praça da República e reuniu mais de 13 bandas e artistas num manifesto em defesa da música independente. De acordo com estimativas não oficiais, cerca de 3 mil pessoas passaram na área em frente ao palco, montando no anfi-teatro da Praça, entre as 11h e as 18h, quando terminou o evento.
O volume de público aumentou mesmo depois das 15h, quando o clima estava mais ameno. No início da manhã, quando o sol parecia mais forte do que de costume, as pessoas se acomodavam embaixo das sombras das mangueiras nas laterais do palco. Paulo Martins, um dos líderes do movimento composto pela associação Pró Rock, Movimento Bafafá do Pará e Daçum Se Rasgum, pensava que o som não estava se impondo e que talvez o manifesto estive "passando em branco". Era só uma falsa impressão, causada pelo sol que afastou as pessoas mas não a atenção delas - vi Júnior Soares, líder do Arraial do Pavulagem, em frente ao palco, com um olhar curioso e atento. Do meio para o final da tarde o público mais carente de lazer, formado em sua maioria por jovens e habitantes da praça, aproveitou, e mostrou que a iniciativa era algo necessário não apenas para os artistas. Por todos os lados se ouviam elogios à empreitada. E havia um sentimento de orgulho mal disfarçado entre seus realizadores.
A música nova do Suzana Flag, "Bandeira", que diz de forma ingênua mas sincera "levante a sua bandeira / seja ela qual for / mas faça isso com amor(...)" foi para mim um dos principais termômetros do evento, de sua repercussão. Foi a resposta da banda à pergunta sobre aquela mobilização e sobre a sua ausência dos palcos. Um Suzana Flag incompleto, sem guitarra e sem baixo, apresentou-se no manifesto com beat eletrônico e violão, "segurando" sua apresentação apenas na força de algumas canções.
A fala de Renato Torres durante a apresentação da banda Clepsidra foi outro indício do sentimento que permeava a apresentação. Ele demonstrava eperança de que a música independente pudesse vir a mobilizar tanta gente quanto o faz o Arraial do Pavulagem. Se não foi uma mobilização de massas, certamente foi um ato político raro na história da mobilização da classe artística paraense.
De fato o manifesto não chega a ter a intenção de mobilizar grandes massas, mas, sim, garantir espaço e diverdidade de manifestações artísticas musicais no estado. Pense em toda a porcaria que a indústria fonográfica e de entretenimento, falidada e desmoralizada, continua a fornecer a nós, meros consumidores. Se a nossa produção não se encontra no mesmo nível, só pode evoluir se tiver espaço e incentivo. Vale à sociedade ao estado ou seja lá o que for incentivar tal desenvolvimento?! Os artistas se esforçam para tentar responder a isso também. Ou não!
Se o artista não tem obrigação de dar respostas certas, o mesmo não se pode dizer da imprensa. Pense, por exemplo, num jornalista faz a pergunta e não publica a resposta. Um bom jornalista sabe fazer perguntas em momentos oportunos. Mas deve dar a resposta também. Entre os dois jornais diários paraenses, foi pouco o destaque ao manifesto Bafafá do Pará. A imprensa se limita a publicar releases e se queixa quando falta opção para ela própria. O Liberal publicou poucos dias depois do manifesto mais uma matéria sobre a "gangorra" das leis de incentivo. Semelhante a que publicou mais de um ano atrás, quando abordou o caso do Suzana Flag, sabotado na Lei Semear. A discussão parece que não evolui.
O repórter que me ligou para saber sobre a programação estava interessado no rock and roll, afinal 13 de julho é o dia internacional do rock. Parece que não gostou da minha resposta: não exaltava o gênero inaugurado oficialmente por Elvis Presley.
Mas quem somo nós para teorizar sobre o rock and roll?! Os norte-americanos sabem fazer isso melhor do que ninguém. É a história deles sobre o resto do mundo. Há cursos universitários e disciplinas sobre a história do rock. Não sou a melhor pessoa a fazer sobre rock americano. Não quero falar sobre rock americano. Falo sobre a música que se produz aqui. Caetano já disse que a gente não pode ganhar dos americanos nisso. O som deles custa muito caro. Se impõe pela força. Qual análise sobre a influência do rock numa região periférica como a Amazônia tem que ter um mínimo viés antropológico. Deve considerar a indústria do entretenimento, fabricação de sentido ideologia e imperialismo. O rock contestador já era para os americanos. Isso cabe nas páginas de jornais?! Cabe na capa da Rolling Stone Brasil: o rock "sem transgressão" do NX Zero. Sob outra análise, talvez o manifesto ganhasse força. Mas o jovem repórter não sabia ou não queria fazer as perguntas certas.
Ainda que tenhamos bons roqueiros, nosso rock soa sempre como algo diferente. E cada vez mais acredito que é isso que o torna realmente atraente. Aos que não ouviram o grito do manifesto da música independente paraense, façamos nós mesmo nossa repercussão.
P.S - A foto foi feita por Téo Simões, amante do rock de Marabá que veio passear em Belém e acompanhou todo o Bafafá Pró Rock, com alguns amigos.

sábado, 12 de julho de 2008

Entrevista no Portal Cultura

O colunista do Portal Cultura Thiago Vianna entrevistou-me sobre um dos projetos do Fórum Paraense de Música Independente. Leia aqui.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Bafafá Pró Rock


     No próximo dia 13 de julho, acontece a primeira edição da mostra musical Bafafá Pro Rock, que vai reunir os grupos Tribo Manari, Curimbó de Bolso, Clepsidra, Paulo Martins, o Luamim, Brigue Palhaço, Sevilha, Juca Culatra, Rande Frank, Suzana Flag, Norman Bates, Pianuts, Legítima Defesa, Delinqüentes e Rennegados. A partir das 10h da manhã.  A realização é do Fórum Paraense de Música Independente, que tem a participação do selo/loja Na Figueredo, da produtora Dançum Se Rasgum, do Movimento Cultural O Bafafá do Pará e da Associação Comunitária Paraense de Rock. O patrocínio é da Secretaria de Estado de Cultura (Secult-PA), através da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves.  A produção executiva é de John Bogea, Jayme Pontes Neto, Elielton "Nicolau" Amador, Gustavo Rodrigues e Paulo Martins. A arte urgente e bem bolada é de John Bogea.

Brazilian Team ESP

A banda paraense Madame Saatan está no "brazilian team" da ESP, a marca de guitarras mais famosa entre as banda de heavy metal do mundo. O lançamento dos endorsers da ESP no Brasil ocorreu ontem no auditório da EM&T, em São Paulo, onde a banda está radica desde o início deste ano. A ESP é a marca daquela guitarra famosa de Max Cavalera, com as cores da bandeira do Brasil, com a qual ele ainda toca vez ou outra no Soulfly. Confira no site da importadora da ESP no Brasil aqui. Estão no "brazilian team" da ESP ainda as bandas Gloria e Dead Fish. Sammliz, vocalista do MS, contou-me a pouco que ficou emocionada e gostaria de estar próximo dos amigos naquele momento. Muitos garotos que não conheciam a banda mas foram ao evento por causa de Dead Fish e Gloria saíram de lá fãs do Madame "desde criancinha".

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Verão Equatorial

Semana de trabalho árduo. Por isso estou devendo alguns posts e textos. Mas eles virão. Às vezes sobra um tempo e aí eu escrevo logo um bocado de uma só vez. Julho chegou e meu primeiro post do mês é uma desculpa. Perdoem-me. Para quem ficou curioso, nossa programação do Bafafá Pro Rock de pré-lançamento do FPMI está confirmada para o dia 13. Falta confirmar a Praça da República como local do evento. As bandas e artistas até agora pré-confirmados são:


Paulo Martins e Bafafá do Pará
Cristal Reggae
Pianuts
Clepsidra
Rande Frank
Quimera Porfia
Delinqüentes
Rennegados
Suzana Flag
Norman Bates

O Bafafá Pro Rock é um manifesto a favor da produção artística paraense.

Atualização:
P.S: Por questões operacionais estamos redefinindo o número de artistas para a programação. Vamos divulgar em breve.