segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Uká Uká


Norman Bates por Ana Flor.

Um dos últimos animais que raciocinam, orgulhosamente, apresenta mais um retorno, a volta dos que não foram: Norman Bates dia 10 de outubro no Café com Arte. Isso mesmo, véspera do Círio, se você quiser variar um pouco da festa da Chiquita. Estamos confirmando DJs e um projeto inédito para a abetura. Aguarde novas.

domingo, 30 de agosto de 2009

Maluco não pára...


Cravo Carbono por Renato Reis.

...maluco dá um tempo, já dizia o jargão da malandragem classe média do bairro do Marco. Não fossem quase dois nerds, poderia se aplicar a frase a Bruno Rabelo e Lázaro Magalhães (ex-integrantes do grupo Cravo Carbono), que depois de quase dois anos preparam um novo projeto musical, guardado a sete chaves. Musicalmente adiantado, o projeto ainda não tem nome nem previsão de vir a público, mas não tarda. Quando você menos esperar está por aí, quem sabe nas aparelhagens de Belém.

Bruno e Lázaro protagonizaram, junto com Pio Lobato, um episódo curioso e um tanto bizarro dentro de uma dessas novas redes sociais. Numa tarde qualquer, depois de comentar um tópico de uma fã da banda na comunidade do Cravo Carbono no Orkut, Lázaro e Bruno se viram defedendo pontos de vista, ora atacando ora defendendo-se de Pio, às vezes com pouquíssima discrição. Publicamente, numa pendenga que durou dias. De acordo com o debate, o CC era uma banda dividida entre uma ala "profissional" integrada pelos músicos por formação e escolha, que eram Pio Lobato e o baterista Vovô, e os "amadores", formados pelos dois outros parceiros, que dividiam suas atividades como músicos e compositores com outros empregos diurnos, supostamente menosprezando a atividade musical.

O Cravo Carbono não fez nada menos que revolucionar a estética da música paraense, trazendo as influências do pop e do rock progressivo e fundindo-as ao merengue, ao brega, à guitarrada, tudo muito bem temperado com um suíngue atípico e uma poesia refinada. Talvez o tenha feito por ser extamente isso que seus integrantes expuseram a público de maneira tão chocante: um ser híbrido, que foge aos padrões da indústria da música. Coisa comum na fase semi-profissional que a música paraense se encontra, a meu ver, desde sempre.

Quando essa fase for suplantada talvez nós continuemos a perder coisas mágicas como o Cravo Cravo e tantas outras bandas que ficam sempre pelo meio do caminho. Mas temos esperanças de ganhar novas coisas muito boas também.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Música, jornalismo e redes sociais

Ontem, durante minha oficina de jornalismo cultural na Semana de Comunicação da Unama, perguntei aos meus 30 alunos, todos estudantes de jornalismo entre o segundo e o oitavo semestre, se alguém usara o Napster ou se tinha conhecimento de como funcionava o software; ou da importância dele para a cultura de compartilhamento de arquivos que temos hoje. Nenhum deles usou e nenhum deles sabia a resposta.
Poucas horas depois, numa mesa-redonda dentro da mesma Semana de Comunicação, lembrei aos debatedores Alexandre Ramoa e Pedro Loureiro, que discutiam sobre “redes sociais”, que este ano faz uma década que foi criado o software que revolucionou o modo como consumimos música.
Começou como uma brincadeira de um universitário entediado e terminou dois anos depois sob protestos de todas as grandes gravadoras do mundo e do então todo-poderoso Metallica, a banda de heavy metal que virou piada entre seus fãs depois de se declarar publicamente contra o Napster e de mover ações judiciais por atentado ao direito autoral.
Depois de 2000, a popularidade do software cresceu assustadoramente: algumas fontes dizem que o pico de usuários conectados ao mesmo tempo chegou a oito milhões, mas no total havia mais de 25 milhões de usuários, incluindo on-line e off-line, todos com um único interesse em comum, a música. A partir daí, a cada mês uma versão nova dele era lançada.
Algumas dessas versões permitiam abrir chats e conversar com o usuário de que você estivesse baixando as músicas em tempo real. No meu harddisck eu tinha demos da minha banda, a Norman Bates, e soube como esse não era um nome original para um grupo de rock: descobri pelo menos mais três bandas homônimas. Com uma delas, a Norman Bates e os Corações Alados, de Santos, pude estabelecer uma conversa surreal: ao mesmo tempo que os dois usuários trocavam MP3 de diferentes bandas com o mesmo nome, conversavam sobre suas origens, influências e...direito autoral. “Será que vamos ter que pagar royalties para a Warner (detentora dos direitos sobre o filme Psicose)?”, era uma das questões que suscitávamos.
Por essas e outras, além de revolucionar a indústria da música, o Napster foi o pioneiro do que nós discutimos hoje sob o tema “redes sociais”, que é na verdade um pleonasmo dentro da web, uma vez que “a rede” não se criou somente através do compartilhamento de grandes servidores mas também de computadores pessoais, interligados entre si, como já ressaltou Alexandre Matias no artigo para o Estadão que achei depois de uma breve pesquisa suscitada pela discussão.
A desativação do Napster por parte de um conglomerado que representava os interesses das grandes gravadoras, entrou para a história dessa transição como a grande gafe da indústria fonográfica, que não entendeu o potencial de ter tantas pessoas conectadas com um interesse em comum -- com os Dela inclusive.
Jornalistas contemporâneos devem estar preparados para compreender processos de transição cultural como esse a seu tempo, podendo contribuir com a construção de uma sociedade mais justa e evoluída socialmente. Mas só vamos formar esses profissionais se tivermos a técnica adequada e a ética necessária para tal transformação. Ser jornalista na Amazônia, uma das mais importantes fronteiras do capitalismo tardio, exige ainda mais preparo.
Não vejo como conciliar tais necessidades e qualidades senão na universidade, numa cadeira específica, como a do curso de comunicação. Mas mesmo a universidade precisa se reinventar. A Universidade da Amazônia se esforça para acompanhar a vanguarda dos processos comunicacionais e de interações sociais, para o bem de quem paga caro pelo conhecimento. E para o bem da sociedade que anseia por profissionais melhores.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Megafônica traz Stereovitrola

O coletivo Megafônica fechou ontem mais um evento em Belém. Vai trazer à capital paraense a banda amapaense Stereovitrola para o lançamento de seu mais recente disco, "No espaço líquido". Os meus conterrâneos dividem o palco do Café Com Arte com a banda Turbo, de Camilo Royale. O show vai ser no dia 19 de setembro.

Johny Rockstar



A banda Johny Rockstar faz o pré-lançamento do single "Monoral" no Festival Casarão (RO)no próximo dia 5 (setembro). JRS toca no segundo dia do festival, que tem como headlinner a carioca Moptop. No dia 3, já em Porto Velho, a banda faz a prévia do festival no Piratas Club. E com o baterista titular Ivan, também do Madame Saatan.
O single foi gravado por Ivan Jangoux e, segundo o vocalista Eliezer Wonkas, traz mixagens alternativas das faixas Monoral, Alkalina e Mortos Vivos, que integram o disco cheio, com previsão de lançamento em janeiro do ano que vem. Dia 30 deste mês ainda entra no ar, segundo a produção da banda, o site oficial www.johnyrockstar.com.br. Um dia antes, no Café com Arte, a banda toca com Jr Checker(o Júnior, ex-Suzana Flag) segurando as baquetas.

Te comporta, suspensa!


Foto de Ana Flor

A festa Te comporta, menina! inaugurou um movimento de público bem sucedido em julho, trazendo as bandas La Pupuña e Suzana Flag e recebendo convidados especiais a cada semana. O sucesso da festa não se repetiu no segundo momento. Várias coisas contribuiram para isso, mas a principal delas talvez tenha sido a falta de percepção da casa (o Bar Palafita) em apostar na empreitada como deveria. Sendo assim, a Ukauka Produções (coordenada por este poster) e as duas bandas acima citadas anunciam o cancelamento da temporada agosto e setembro que continuaria nesta quinta-feira com a participação da banda Tomarock. Pedimos desculpas a todos os convidados e aos amigos e fãs que pretendiam comparecer ao bar esta semana. Esperamos fechar uma nova parceria em breve a anunciar o retonor da festa no momento oportuno. Talvez uma temporada em setembro, antes que as duas bandas se dediquem com mais afinco à produção dos seus segundos discos. A banda La Pupuña divide os shows com o processo de gravação do segundo disco, enquando a Suzana Flag se prepara para entrar na fase final pré-lançamento do aguardado Souvenir, o que vai exigir grande concentração na formatação dos shows de lançamento. A banda Suzana Flag continua apresentando o projeto Eletrosfera Bar, de releituras rock, brega, MPB e pop no Bar Tiquin Dicadacoisa, lá na Municipalidade, em frente ao residencial Olimpus. A gente se vê por aqui.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Músicos, Fogueiras e Vaidades

Sábado fui ver o Amazon Beats no Afrikan Bar. Parece que o evento teve alguns problemas na sua fase de produção e de divulgação. Algumas bandas não teriam confirmado presença e mesmo assim foram divulgadas como atração. Não sei mais detalhes sobre isso. Mas valem dois registros. O primero deles é que a ideia do evento era muito boa, ter tres espaços com música reggae e hip hop, rock e música eletrônica, mostrando parte da boa produção autoral paraense. Ouvi de um rapper na festa: "Você tem que falar sobre isso. Eu estou aqui, não ia me meter em algo que fosse uma furada. No entanto, as bandas de rock vão tocar de graça no Se Rasgum e não vêm aqui dar uma força. Você tem que escrever isso porque você tem peso e as pessoas te ouvem", disse o MC. Recado dado. Só posso dizer que entre um espaço e outro eu me diverti muito, e teria sido bem melhor se as bandas anunciadas tivessem participado do evento. Belém tem grande capacidade nisso, na diversidade e ela deve ser estimulada. Não em uma mas em todas as ações possíveis. Também ouvi pela primeira vez uma banda da qual nunca vou esquecer o nome nem a pouca performance que vi: Superself.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Delinquentes em alta


A lenda viva do punk rock paraense está com a corda toda. Depois de ser uma das poucas atrações locais a garantir vaga no terceiro festival Se Rasgum, dando-se ao luxo pouco comum de não participar de seletivas, a banda já prepara o lançamento de "Indiocídio" (2009, Ná Music), seu segundo disco oficial, que chega seis anos depois de seu antecessor, "Pequenos Delitos" (2003, Ná Music).
O lançamento ocorre no dia 29 deste mês, sábado, no Caverna Club e vai contar com a presença das bandas Sincera, Nó Cego e Te Pego Lá Fora.
Graças à simpatia e ao carisma do bandleader Jayme Katarro, os Delinquentes (agora sem trema) devem realizar mais uma façanha este ano: concorrer ao prêmio Ná Figueredo de Video Clipes entre os favoritos, depois de anos de supremacia do Madame Saatan. Isso se deve a outros personagens importantes: a dupla Robson Lima e Roger Paes, produtor e diretor de "Vagamundo", realizado em parceria com a Funtelpa, responsável pela Rádio e pela TV Cultura.
Vagamundo é uma das melhores faixas do disco e traz um mistura de punk rock e metal com certa pagada jazzy, lembrando o que se chama hoje em dia de post-rock.
Gravado em frente ao shopping Castanheira com uma grua enorme o clipe capta bem a sensação de desnorteamento da letra, num vai e vem de pernas e braços distorcidos pela lente de grande angular, característica de Robson.
Além disso, o disco traz nada menos que 17 faixas produzidas pela banda e por André Mattos, com sua formação mais radical, trazendo, além do vocalista, o baterista Rapahel Lima, o guitarrista Pedro Bernardo (o Pedrinho) e o baixista Sandro Srur. Com repaginações de músicas antigas e um bom punhado de faixas recentes, "Indiocídio" é mais que um disco novo, é um registro importante da carreira desta banda símbolo da resistência do rock paraense. Disco que teve que enfrentar muitas concessões da parte de quem já descobriu que ser punk é um rótulo que custa caro, muito caro, carregar.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Fotograma



Irmãos Daniel (Sincera) e Diogo. Registro de Renato Reis no show dos Los Porongas em Belém, em primeira mão para o Qualquer Bossa

Porongas 2

A passagem da banda acreana Los Porongas continua repercutindo pela blogosfera paroara. No Rock Pará, de Sidney Filho você lê comentários e uma entrevista exclusiva com o baterista Jorge Anzol. Já no Veia Pop, Angelo Cavalcante conta como a noite o surpreendeu positivamente. Mais uma vez parabéns às meninas da Megafônica, Bahrbara e Kamilla.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Baianinha balzaquiana


Filosófica e reflexiva, Pitty ganhou o coração dos adolescentes brasileiros no século 21. O existencialismo da cantora e compositora baiana é quase uma crônica dos dilemas da juventude na (pós-)modernidade. Essa tendência marcante no primeiro disco volta neste recém lançado “Chiaroscuro” (Deckdisc, 2009), trazendo consigo a chance de transformá-la em uma cantora ainda mais odiada e ainda mais amada no país. As generalizações que tematizam o medo e o amor são prevalentes neste novo álbum. Mas há traços fortes de amadurecimento.

“8 ou 80”, “Medo” e “Fracasso” avançam nessa linha, tematizando sem apontar saídas, o que já é um traço de amadurecimento. Generalizam os sentimentos na narrativa: “Todo mundo tem segredo” (8 ou 80) “Medo de Ter, Medo de Perder / Cada um tem os seus / e todos têm alguns” (Medo). Em “Fracasso” ela generaliza usando diferente recurso narrativo, quando canta em primeira pessoa, porém, usando um personagem de seu lugar de fala. Apesar de a tendência predominante estar mais burilada, Pitty comete excessos. Os versos finais de “8 ou 80” e “Medo” quase comprometem o todo. Parecem justificar a dissertação. “Rato na Roda” é mais feliz ao perguntar “E se for?”.

“Me adora” é uma canção pop muito forte. Fala de amor e medo sem generalizar. “Água contida” é um exemplo de canção feita sob encomenda. O tema passional não disfarça o que o ritmo tango faz denotar a intenção estética predominante. Mas é uma tentativa que carece ainda de aperfeiçoamento. Em “Desconstruindo Amélia” tenta imputar na generalização o que é, sem dúvida, um “drama” dela mesma, como de todas as mulheres contemporâneas. E é boa, a minha preferida até agora. Não há nada mais sensual do que uma mulher se confessando, se desnudando. Um pouco tímida, um pouco contida, um pouco envergonhada, quem sabe. Pitty se revela aos poucos.

“Todos estão mudos” serve apenas como manifesto (justificativa de seus erros?). Musicalmente é descartável como “Trapézio”. Pitty deu a cara a tapa e não se pode dizer, ao menos, que não é corajosa.

Vale ainda ressaltar que a produção do disco é muito boa e o som vale ser ouvido no CD. A banda soa às vezes como Jane’s Addiction, forte e veloz. “A Sombra” lembra os temas soturnos do Smashing Pumpkins em Adore. A cantora está melhor, menos viciada em seus próprios clichês. Prestes de completar 32 anos, Pitty está deixando de ser uma adolescente tardia e está entrando na melhor fase. O adesivo na capa do disco avisa: trata-se do novo disco depois de quatros anos. Portanto, seu primeiro disco inédito depois de tornar-se efetivamente uma balzaquiana. O melhor ainda está por vir. Esperemos. Ou não.

domingo, 16 de agosto de 2009

Porongas

O som de Los Porongas demonstra uma tendência natural de retomada do rock: letras fortes, reflexivas. A tal "mensagem" que fez da Legião Urbana uma das maiores bandas brasileiras de todos os tempos. A junção de música pop/rock e poesia nem sempre dá os melhores resultados. Mas Diogo mostra sua verve poética de forma muito integrada à musicalidade da banda, que tem na experiência e segurança de Jorge Anzol (bateria) e Márcio Magrão (Baixo) o seu forte. A mensagem não é sempre sutil, ao contrário, muitas vezes é perturbadora. Por isso, talvez, apesar da grande qualidade da banda, algumas pessoas não se sentiram a vontade para se entregar completamente à catarse que o show da banda no último sábado provocou. Ótimo. Bons shows não precisam ter sempre a mesma fórmula. Parabéns aos Porongas por um dos melhores do ano em Belém e a Bahrbara, Camilla, Beto e Luis Sick por terem nos proporcionado a oportunidade de participar de uma festa tão bacana.

sábado, 15 de agosto de 2009

Comunicação na Unama

A Semana de Comunicação da Unama, que vai do dia 24 a 28 deste mês, vai me ter como oficineiro de Jornalismo Cultural. Faça sua inscrição, mesmo que você não seja aluno da Unama e mesmo você não for aluno de jornalismo de nenhuma faculdade de comunicação. A coordenação do curso de jornalismo da Unama tem em mente promover excelência para se manter no mercado, mesmo depois do STF.

Música e letra para crescer



Legenda: Norman Bates no Se Rasgum 2007, quando o cronista disse que não bastava botar óculos escuros e subir no palco fazendo pose (ou algo parecido). Registro de Renato Reis.


Ontem depois da jam no Casarão com os meninos do Sincera, uma das bandas classificadas na seletiva do Festival Dançum Se Rasgum, o vocalista Daniel me falou sobre uma “resenha” das seletivas publicada por um colunista velho conhecido do Diário do Pará. Foi a segunda vez que me falaram desse texto essa semana. Eu não li. Faz tempo que não leio tal coluna. Li algumas vezes, quando falava de música, e discordei. É grosseiro, pobre, cheio de clichês e viciado. Quando o autor começa a falar do seu dia-a-dia, de suas descobertas (que só interessam a ele mesmo), então, é melhor parar e não avançar sobre essas linhas muito mal traçadas.
Mas sempre tem algum impacto sobre a opinião pública a informação e a opinião deturpadas, viciadas. Um cidadão que foi vocalista(?) de uma banda que quase ninguém conhece e escreve um livro para se incluir na história tem no mínimo segundas intenções duvidosas. Pessoas assim já davam aula em cursos de jornalismo fuleiros pouco antes do diploma não valer nada. Por isso, nós, jornalistas, deveríamos ter mais cuidado e separar joio do trigo. Não tivemos esse cuidado antes. Agora pagamos o preço.
Mas, voltando à música. O cronista indigitado foi o mesmo que escreveu ao final da segunda edição do Se Rasgum um artigo em que atacava o Norman Bates, sem citar o nome da banda e sem análise técnica alguma, fazendo referência implícita; insinuava maliciosamente o Suzana Flag e detonava com esse tal rock paraense, que cronistas como ele se acostumaram a referir-se como um ser assombrado e assombroso.
Segundo aquele texto, a produção musical de Belém estava sendo “alfabetizada” pelos produtores da Se Rasgum quando eles traziam à cidade grupos como Nashville Pusy, banda gringa que arrebentou naquela edição com uma série de clichês do rock que os americanos inventaram, e depois da qual o Norman Bates subiu ao palco menor, sem ter visto o show da banda americana, para fazer apenas o que sempre soube fazer, e continua a fazer um pouco melhor a cada ano.
Na minha opinião sincera (dane-se o trocadilho), esse rapaz não precisava ser tão grosseiro com tantos jovens artistas ¬-- que representam, com todos os seus defeitos, uma vanguarda em Belém -- para puxar o saco de ninguém e manter privilégios mesquinhos aos quais os jornalistas como ele estão acostumados.
Pois bem, não li e nem vou perder meu tempo lendo a última resenha. Pelo que outras fontes me informaram, Daniel “decorou” todos os clichês possíveis do novo rock. O recado dele para o cronista me vale como resposta simples que ele merece: faça você melhor. O cara que tratou o ser assombrado como um aleijado que não sabe andar bonito porque tem deficiência congênita agora critica os clichês adquiridos na melhor escolha do rock pelo vocalista do Sincera. (?!) Parece estar confuso. Parece que não evoluiu sua crítica com coerência. Ou esqueceu de ser honesto e dizer ao leitor que ele prefere ficar em casa ouvindo os discos do REM com seu amigos. Já pensou escrever toda semana um artigo sobre como eu ouço e ouvia discos com meus amigos? Putz. Quem perde seu tempo!?
Pelo que disse a terceiros e não escreveu, esse cronista de araque tem ainda outras intenções escusas que não devem ser pactuadas com quem tem interesse no fortalecimento do cenário musical paraense, como alegam os produtores do Se Rasgum.
Vão dizer que meus comentários são invejosos, que sou encrenqueiro etc. Mas, convenhamos, isso é muito mais mesquinho e insensato que qualquer jogo de vaidades simplesmente.
Ninguém precisa ser bajulado, adorado como deuses, seja na seara artística ou de produção, para dar sua contribuição. Nossa cena tem várias limitações que se justificam em vários contextos. Se alguém tem boas intenções seja na evolução artística ou profissional dos paraenses, não deveria agir dessa forma. Não é o caso do indigitado. Belém é maior do que isso e está crescendo ainda mais. Deixemos essas mesquinharias para trás, para crescer.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Prova do crime


Registro de Ana Flor no último retorno do Norman Bates no dia 7 de agosto. Abaixo, um fragmento de letra de nova música da banda feita por Giovani e por mim, entre nossos encontros para mais esse retorno.Título provisório

Do nada (Nostalgia da Modernidade)


(...)

Eu navego sozinho nas redes da aldeia
Nada de novo na televisão
Nada de novo nas salas de aula
No vazio do meu quarto, no meu coração
Eu desligo meus sonhos no olho de vidro
Quando saio de casa
Eu vejo quase nada
Nada de novo no front
Nada de novo no front

Nada é impossível
Nada ficou pra trás
Nada é tão distante
Nada é demais

Nada de novo, não mais
Nada de novo, não mais
Nada demais

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Fragmentos de modernidade...

No blog do amigo e professor Relivaldo.

Nova temporada



"Te comporta, menina!", a festa mais badalada de julho em Belem, volta em nova temporado durante os meses de agosto e setembro. As bandas Suzana Flag e La Pupuña recebem novos convidados a cada quinta-feira no Bar Palafita. A estréia é nesta quinta 13, com show das duas bandas.

Divulgando seu mais recente disco, "All Right, Penoso", a banda La Pupuña incrementa seu repertório de lambadas, merengues e guitarradas com covers do rock brasileiro e intgernacional. "Nessa miscelânia 'Brand New Caddilac', do The Clash, e 'Nós vamos invadir sua praia', do Ultraje a Rigor, ganham contornos dançantes em ritmo paraense", explica o guitarrista Félix.

Por sua vez, a banda Suzana Flag alterna shows que vem apresentando em festivais e bares a cada noite do "Te comporta, menina!", como explica o guitarrista Joel Flag. "Se a gente tem uma banda convidada mais alternativa mais independente, a gente pode fazer um repertório mais autoral, dando enfase nos hits. Se tivermos uma banda mais da noite a gente mescla o Eletrosfera Bar, que é o projeto de covers e releituras. Varia muito. Cada apresentação é uma surpresa diferente."

A partir do dia 20 de agosto, as duas bandas começam a receber convidados. Entre eles, estão as bandas Briz Saboa, Cuba Livre e Tomarock, que participaram da temporada de julho; e novos artistas convidados, como a cantora Adriana Cavalcante e as bandas Clepsidra, Nêgo Junckie e B3, que estréiam na festa.

Outra novidade é que as festas contam agora com a participação do DJ Nicobates, guitarrista da banda Norman Bates, que também participa do Suzana Flag e é um dos produtores da Festa. "Mais novidades: a festa começa mais cedo, às 20h, por continuar na quinta-feira, quando muita gente tem que trabalhar no dia seguinte", explica o DJ/guitarrista/produtor.

A festa também traz surpresas como o sorteio de camisetas e discos oferecidos pela loja Ná Figueredo, além de promoções de bebidas. A meninas comportadas, com o flyer pagam metade do ingresso que custa R$ 10.

Serviço:
Te comporta, menina! Segunda temporada.
Com Suzana Flag, La Pupuña e convidados.
Bar Palafita (R. Siqueira Mendes, ao lado do Pier das 11 Janelas)
A partir das 20h.
Ingressos: R$ 10 (com meia para meninas).
Informações: 9614 1005.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

CCAA Fest




As bandas classficadas na final do CCAA Fest:

All still burns
Ataque Fantasma
Gestalt's
Horizonte Neutro
Industria Vital
Lapidação Poética
Letrac
Lirium
Mytus
Plug Ventura
Sk8
Tio Nelson
The Baudelaires
Ultraleve
Vileta

Los Porongas e Suzana Flag



Os acreanos do Los Porongas, na minha opinião uma das mais criativas bandas do novo rock braaileiro, fazem um supershow no próximo dia 15 de agosto. Ao deles no palco, a banda castanhalense Suzana Flag em show autoral com a pegada diferente do que vem apresentando nos bares da cidade. A promoção é do coletivo Megafônica e vai contar ainda com as participações das bandas Plug Ventura e Paralelo XI. Os ingressos antecipados você encontra a partir de amanhã nas lojas Ná Figueredo.

Serviço:
Lançamento do DVD da Banda Los Porongas(AC)
data: 15/08/09
hora: A partir das 22 h
Local: Açaí Biruta (Rua Siqueira Mendes, próximo a Praça do Carmo)
Ingressos antecipados até meia noite R$ 15.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Norman: um retorno possível

Agosto, mês de desgosto. Então, por que não promover mais um retorno assombroso de uma banda de rock que tem no nome a referência a um personagem de filme de suspense, de uma vida familiar desgraçada, por assim dizer, que acaba com a vida de uma loira linda e pilantra, de quadris largos e olhos reluzentes mesmo em P&B? Pois é. Tal idéia brilhante só podia sair da cabeça de um aniversariante do mês desgraçado pela superstição alheia. Alheia porque o chefe da Casa Civil do Governo do Estado, Cláudio Puty, não acredita que o mês em que veio à luz seja tão ruim. Mas, de qualquer forma, dizem os astrólogos, ele deve estar saindo de seu inferno astral por esses dias.
Foi do próprio, fã de algumas das mais expressivas bandas desse tal rock paraense, a idéia de chamar o Norman Bates para tocar na festa de aniversário dele, que ocorre esta noite na sede do Sindicato dos Bancários. Cláudio disse-me certa vez que gostava muito de ouvir a banda tocando um dos maiores hits da antiga Belém FM, Almirante Braz, da banda Tribo. Por ocasião da festa, disse que ficou ainda mais feliz em saber que o convite talvez motive um retorno antecipado da banda aos palcos e, consequentemente, ao estúdio.
O grande problema era “recuperar” o baterista Regi Cavalcante, motor rítmico da banda, considerado por alguns (não muitos, é verdade, pelo menos publicamente) um dos melhores instrumentistas do rock paraense. Regi "perdeu" para o rock e para a necessidade de trabalhar e dar um rumo mais promissor em sua vida. Tanto que, pelo menos por enquanto, esse ainda não significa o retorno dele.
Convidamos o amigo Wagner Nugoli (baterista da banda Tennebrys, uma das finalistas da seletiva do festival Se Rasgum e um dos muitos amigos que nos acompanharam em ausências anteriores do “comandante” Reginaldo) para a missão.
Não foi fácil. Poucos ensaios, músicas novas, dois guitarristas enferrujados e dois vocalistas idem, mas com muita vontade de voltar a fazer aquela pressão aqui na "Toca do Psicopata", de onde rascunho esse release de memórias. Mas Wagner foi superatencioso e dedicado, ouvindo com atenção as músicas e aceitando nossas sugestões para fazer o som ficar mesmo com a cara do Norman Bates. Ele segurou uma onda com uma mão cheia de músicas que agente pegou a tempo de mais este retorno. Pude constatar no ensaio geral, com alegria, que será uma apresentação honesta e digna.
Incomodamos um pouco os vizinhos, mas respeitamos os horários mais críticos e tentamos "enxugar" o som. Manter o noise das guitarras no limite, naquela pressão em que parece que vai explodir, mas ainda não é a hora. Sentimo-nos muito bem tocando um pouco melhor (eu, Giovani, Manuel e Carlos) e recuperamos o gás que parecia estar perdido. Mais uns dois ensaios e esse punhado de músicas ficaria bembompracaralho, eu me atrevo a dizer. Tivemos testemunhas no ultimo ensaio. Só falta a segurança de um técnico de som que entenda a pressão da banda no palco, liberando-a na medida certa para o público.
Tive que parar algumas músicas e ouvir alguns solos (estou interpretando alguns deles bem melhor, outros, simplesmente não consegui "tirar", tendo fazer novas leituras). Até tirei um wah wah do armário para tocar o solo de "Tanto Quanto". Recuperamos,eu e Giovani, frases de guitarra e nos sintonizamos pela primeira vez como dois guitarristas cientes da orquestração. Muito criativo, Giovani tem ótima pegada. Vira e mexe trocamos idéias sobre os arranjos, coisa que não rolou no primeiro disco, quando gravei todas a trilhas de guitarras. Tivemos até ensaios vocais para músicas com coro, como "Sensorial", mas essa ficou de fora por causa da complexidade ritmica e pouco tempo para pegá-la.

Em tempo, essa boa mão cheia de músicas consiste em

Onde os Olhos não Alcançam
Diante da Parede
Cheia de amor pra down
Equatorial Lounge
Tanto Quanto
O Jogo
Um pouco mais de mim mesmo
Almirante Braz
Amor de Elefante
Crise da Lágrima
Uka Uka


Ou seja, cinco músicas do primeiro disco, que não tocávamos há muito, e mais cinco do disco inédito,ainda não gravado,além do cover da Tribo. Um superpocket show para dar um pouco de pressão na festa e dar a cara a tapa. Um retorno nada garantido mas possível.