sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Jingle Hell VIII



A banda Presidente Elvis já ensaio na minha casa, mas eu não tive como acompanhar o ensaio. Pelo que reza a lenda, a banda, que tem Gustavo Rodrigues nos vocais e Marcelo Damaso na guitarra (alguns dos fundadores da Dançum Se Rasgum Produciones), só toca na noite de Natal, uma vez a cada ano já tem um tempo. Como faz tempo que não encaro baladas natalinas, acho que vi dois shows da banda. Os repertórios são sempre bacanas porque a rapaziada tem ótimo gosto musical e estão sempre atualizados, inclusive com o que há de mais clássico no rock. Dudu Feijó é um guitarrista esmerado nos timbres e nas efeitos e, como toda banda que toca pouco, tem sempre, nessas apresentações, a chance de torná-las únicas. Sendo assim, creio que é uma noite merecidamente concorrida. Confira o release que me chegou por email:

Jingle Hell VIII

A festa em que Papai Noel perdeu as botas, está volta ao Café com Arte no dia 24 de dezembro, pós-ceia, com a apresentação da banda Presidente Elvis e DJs espalhados pelos quatros cantos do Café com Arte
A oitava edição do natal mais roqueiro de Belém está de volta ao Café com Arte. O Jingle Hell VIII não brinca muito de inovação, pelo contrário, se mantém cada vez mais fiel às tradições natalinas e retorna ao lugar em que foi concebido. Dia 24 de dezembro, depois da ceia natalina é hora de se divertir na Jingle Hell VIII, a festa onde o Papai Noel perdeu as botas, a dignidade, o respeitos com as renas e esqueceu onde estacionou o trenó.
No palco, a banda Presidente Elvis, formada pelos fundadores da Se Rasgum, que uma vez por ano atacam de roqueiros tocando as mesmas músicas de sempre, mas se esforçando pra parecer que é um show novo. Além das clássicas versões para músicas de The Clash, Talking Heads, The Kinks, Beatles, Lynyrd Skynyrd, Pixies, Pavement, Roberto Carlos, Júpiter Maçã e T-Rex, a banda ainda traz no repertório novas versões de Elton John, Ultraje à Rigor, Graforréia Xilarmônica e mucho mas! Formada por Gustavo Rodrigues (voz), Dudu Feijó (guitarra), Raphael Pinheiro (baixo), Marcelo Damaso (guitarra) e Jean Louis Franco (bateria).
E na pista de cima, o retornos dos DJs amigos Aloizio & Natalia (indie rock), Flávio Proença (new rave) e Fernando Souza (90’s). No Porão, a diversão fica com os DJs Marcel Arede (rock, bagaceira e pop sem vergonha), Marcelo Papel (clássicos 70, 80 e 90) e a dupla Vandersexxx , de Marcos e Vinícius (indie, 90s etc.)
A rockada natalina começa a meia-noite, logo depois da ceia, da troca de presentes avacalhados, depois que as crianças dormirem e as tias forem pra casa “já com sono daquele vinhozinho”.

SERVIÇO
Jingle Hell VIII
Banda: Presidente Elvis
DJ's: Aloizio e Natália, Marcel Arede, Flávio Proença, Fernando Souza, Marcelo Papel e Vandersexxx.
Local: Café com Arte (travessa Rui Barbosa, 1437)
Ingressos: 15 dinheiros até 1h / 20 dinheiros após

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Músicos definem novo rumo em Minas

Uma "banda" da RMB reunida em Minas Gerais, onde foi escrita a Carat de Belo Horizonte

Um das coisas mais importantes que aconteceram na última Feira Música Brasil não esteve nos palcos, apesar dos ótimos shows que aconteceram em Belo Horizonte entre os dias 8 e 12 de dezembro. Otto, Andreas Kisser e uma turma boa de mineiros, Mestre Vieira, Iva Rothe e Pio Lobato e B Negão fizeram alguns dos ótimos shows que assisti por lá, mas quem foi à Feira para aprimorar-se pensando no futuro do negócio e da política cultural do país estava de olho mesmo em outra movimentação.

Nesse sentido o grande momento foi a consolidação da Rede Música Brasil, uma entidade formada pelos principais agentes da cadeia produtiva da música brasileira hoje, principalmente aquela não diretamente ligada à grande indústria das multinacionais. Essa rede hoje é formada por 18 associações, fóruns e coletivos de amplitude nacional como Circuito Fora do Eixo, Associação de Rádios Públicas do Brasil (Arpub), Música Para Baixar (MPB), Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin), Fórum Nacional da Música (FNM) e Colegiado Setorial de Música (CSM), entre outras (veja lista completa abaixo da Carta de BH).

No próximo dia 13 de janeiro, a RMB deve se reunir no Rio de Janeiro para a primeira reunião sem que tenha sido convocada pela Fundação Nacional das Artes (Funarte), órgão do Minc que tem gerenciado os investimentos públicos federais no setor. A RMB tem como objetivo principal nesse momento pautar a próxima Ministra da Cultura, Ana de Hollanda, das demandas do setor, aprimoradas e afinadas em uma semana de conversas e negociações durante a Feira Música Brasil.

Resultados práticos da FMB 2010 foram a escolha da executiva nacional do FNM, que saiu reestruturado depois de várias manifestações críticas e muito criticadas dentro da rede, que alegava não ter o FNM um direcionamento coeso de suas proposições. Isso acontece (ou acontecia) porque o FNM reúne músicos de todo o país, que passaram a debater depois da convocação da câmara setorial de música em 2005 pela Funarte, quando esta fundação tinha a frente do Centro de Música exatamente a futura ministra Ana de Hollanda.

Fazem parte da nova Executiva Nacional do Fórum Nacional de Música, eleita em Belo Horizonte, Makely Ka (MG), Naldinho (AL), Du Oliveira (GO), a paraense Gláfira Lobo, representando a região Norte, e o músico e pesquisador paranaense Téo Ruiz, que coordena a comitiva e terá a responsabilidade de conduzir as negociações e conversas do FNM com o novo ministério.

Outra banda da RMB, representantes da Arpub, Federação das Cooperativas de Música, MPB e CFE

Durante a última reunião da RMB, em BH, a Abrafin também anunciou a próxima nova diretoria da entidade. Fabrício Nobre, dos festivais Bananada e Goiânia Noise, atual presidente, e Pablo Capilé, coordenador do Calango, atual vice-presidente, deverão ser substituídos por Tales Lopes, do coletivo mineiro Goma, e Ivan Ferraro, da Feira da Música de Fortaleza.

Outra diretriz importante tirada da RMB, foi da reunião do Circuito Fora do Eixo com a delegação Norte, que integra tanto o CFE quanto o FNM. As duas entidades, que ocupam também o Colegiado Setorial de Música e andaram se estranhando nas listas e fóruns on line, fizeram um pacto de não agressão e de cooperação que deve evoluir, segundo Pablo Capilé, para uma pauta mais efetiva das questões amazônicas dentro da RMB.

Esse foi sem dúvida um momento de suma importância para a nova música brasileira. Seus frutos serão provados e aprovados em breve. E o Pará e região Norte esteve bastante representando nele. Veja mais detalhes no blog da Pro Rock.

Segue abaixo o texto integral da Carta de Belo Horizonte.

CARTA DE BELO HORIZONTE
Reunidos em Belo Horizonte, durante a III Feira Música Brasil 2010, as entidades componentes do Conselho da Rede Música Brasil, principal interlocutor hoje do segmento da música brasileira com o poder público, reconhecem que houve muitos avanços, nos últimos 04 anos, em busca da consolidação de uma política pública estruturada e estruturante para o setor.
A Carta do Recife, em dezembro do ano passado, foi um marco neste sentido, quando sociedade civil e governos se uniram na busca das soluções para os diversos gargalos da cadeia da música. Reconhecendo que muito foi feito, mas que ainda falta muito a conquistar, elaboramos hoje uma pauta que é a expressão do que pensam e reivindicam as principais entidades deste Conselho.

10 PONTOS FUNDAMENTAIS PARA UMA POLÍTICA PERMANENTE PARA A MÚSICA NO BRASIL

1- Agência
A Criação da ANM - Agência Nacional da Música continua sendo um ponto fundamental para que este desenho possa se materializar numa política de Estado.

2- Fomento
Consolidar e ampliar o Fundo Setorial da Música integrado ao Fundo Nacional de Cultura. Lutar pela plena aprovação e posterior implementação do Pró-Cultura e participação efetiva na regulamentação do Fundo Setorial da Música;

3- Marcos Regulatórios
Estabelecer um novo marco regulatório trabalhista e previdenciário e desonerar a carga tributária para o setor criativo e produtivo da música.

4- Direito Autoral
Após encerrada a consulta pública, avançar na revisão da Lei de Direito Autoral e trabalhar pela sua aprovação.

5- Formação
Regulamentar imediatamente a Lei 11.769/2008 que institui a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas e dar continuidade em todas as macro-regiões aos seminários de discussão sobre a sua implementação.

6- Mapeamento
Promover o mapeamento amplo e imediato de toda a cadeia criativa e produtiva da música. Incluir o setor da música na matriz insumo-produto utilizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

7- Comunicação
Garantir a execução da diversidade da música brasileira nos meios de comunicação e fortalecer as redes de emissoras públicas, comunitárias e livres, como canais de divulgação da música brasileira. Criação e fortalecimento dos conselhos de comunicação nas três esferas governamentais;

8- Redes
Estimular e fomentar a formação e organização de redes associativas no campo da música, pautadas nos princípios da economia solidária. Atribuir á Feira Música Brasil e as Feiras Regionais de Música papel crucial na interligação entre as diferentes redes, incluindo os parceiros internacionais, o mercado e as instituições.

9- Circulação
Consolidar, fortalecer e fomentar ações de circulação através das redes de festivais, feiras, casas e espaços de apresentações musicais em sua diversidade. Criar mecanismos que assegurem divulgação, acesso do público aos espetáculos e formação de plateias.

10 - Exportação
Criar um escritório de exportação da música brasileira para fomentar às ações existentes, assim como regulamentar os mecanismos legais para a exportação.

O CONSELHO DA REDE MÚSICA BRASIL É COMPOSTO PELAS SEGUINTES ENTIDADES:

ARPUB,
ABEART,
Academia Brasileira de Música
ABRAFIN,
ABEM, (editoras de música)
ABEM, (ensino de música)
ABPD,
ABMI,
Circuito Fora do Eixo,
CUFA,
MPBaixar,
Fórum Nacional da Música,
Federação das Cooperativas de Músicos,
Casas Associadas,
BM&A,
Fenamusi
UBEM
Colegiado Setorial de Música

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sistema nervoso central

A máquina perfeita. Era proibido fotografar, mas a pirataria é como o cancer. Quando menos você espera, ela se manifesta.

Por Elielton Amador

Num único momento de distração dentro da longa semana que passei em BH, discutindo, reunindo e fazendo negócios na Feira Música Brasil, fui ao Shopping Boulevard ver a exposição sobre o corpo humano que roda o mundo. Era uma oportunidade rara e meu amigo João de Deus queria vê-la. Ocuparia não mais que duas horas da nossa manhã e seria um importante instrumento de conhecimento geral, que, segundo ele, sabiamente, é importante para o desenvolvimento de qualquer profissional.

Lá fomos nós para a exposição. R$ 40, suados, para ver corpos dissecados, cérebros expostos em tridimensão, alguns com marcas de hemorragias de AVC, pulmões negros consumidos pelo tabaco, e as várias fases de desenvolvimento de um embrião a feto. Além de ter os sistemas orgânicos todos muito bem explanados e compreendidos dentro de uma engrenagem perfeita. Sim, aquele clichê médico de que o corpo humano é um organismo perfeito está valendo.

A vida de hoje, com toda a tecnologia e toda a intricada rede de relacionamentos humanos, acaba por nos fazer esquecer o básico: como funciona o nosso corpo. Saber como esse organismo funciona através da integração de sistemas de funções específicas para a manutenção do todo, nos ajudaria a preservá-lo melhor, saudável.

A sensação, depois de passar pela exposição, é um misto de insegurança e de encantamento. A vontade que dá é de preservar aquele corpo o mais longe possível do câncer. Câncer que é a rebeldia das células para com o sistema do corpo. Elas parecem se negar a trabalhar para a manutenção do organismo. Muito provavelmente, são provocadas pelas agressões a que o próprio corpo é submetido.

De forma um pouco lúdica, fico imaginando, com base na teoria evolucionista, em todos os milhões de anos que bactérias e células se constrangeram e se desentenderam até gerar vidas menos complexas e gradativamente evoluíram até vir a ser este organismo perfeito.

Alguns crentes, que acreditam na inferência de Deus nesse processo, podem dizer que ele deu o sopro de vida que motivou a criação do homem à sua imagem e semelhança. Sendo assim, Deus poderia ser algo tão primitivo quanto todas essa unidades celulares, mas que, dentre elas, teve uma ideia brilhante de que se podiam se unir num único organismo, poderiam evoluir e crescer. E a sua própria imagem e semelhança lhe fez assim, cada vez mais nobre, forte e sábio diante de seus pares. Yes, we can, teria dito a célula mater.

Esta é uma parábola absurda! Mas juro que foi mais ou menos assim, associando as idéias sobre o funcionamento do corpo humano, seus sistemas interdependentes (como sistema nervoso, sistema circulatório e sistema digestivo, integrados uns aos outros numa maquina capaz de quase tudo, inclusive de gerar outras vidas), que pensei a rede que se estabelece hoje em torno da música do Brasil.

Em alguns momentos, nesse estágio mais primitivo, alguns quiseram alienar alguns dos pais dessa criança, que ainda nem saiu das fraldas, mas que agora começa a engatinhar de forma mais organizada. Consideremos seus sistemas interdependentes como as redes regionais e a rede central, que em analogia seria o nosso sistema nervoso. A gestão do MINC nesses anos teria a importância de um sopro quase divino em estimular a organização desses microorganismos, que hoje trabalham pela nova música brasileira.

Com essa breve parábola cientifico filosófica, inauguro uma série de pequenos textos a respeito das ações e diretrizes tomadas durante a Feira Música Brasil 2010, realizada entre os dias 8 e 12 de dezembro em Belo Horizonte (MG). Em especial as travadas pela delegação paraense na Feira. Sejam bem-vindos!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Guitarras empoeiradas

Banda aeroplano retorna do estúdio. Foto de João Sincera

Neste momento estou na reunião da Rede Música Brasil, em Belo Horizonte (MG). Enquanto não consigo repassar todos os informes da rede, aproveito para bloggar um pouco sobre o lançamento do single "Estou bem mesmo sem você", da banda Aeroplano. Eu estava ansioso pelo lançamento. Ele está disponível para download a partir de hoje.

Na minha opinião, a música título é uma das melhores canções pop da nova safra do rock paraense. Como diz Diego Fadul, no bom texto de apresentação do disco, o som amadureceu e ganhou uma definição. Centrado em alguma nostalgia e no relato de relações desgastadas, as letras definem alguns dos temas existenciais mais latentes nas relações humanas. Timbres vintage e guitarras "empoeiradas" são as marcas sonoras do single, que traz ainda duas músicas: "Para você, solidão" e "Vermelho que é rosa", músicas densas e arrastadas que lembraram alguns momentos do Radiohead e outras bandas indies nessa linha dos anos 1990.

Mas "Estou bem mesmo sem você" é sem dúvida a música de trabalho. Radiofônica ela traz um arranjo de guitarra bem característico e versos tão simples quanto deve ser uma reflexão pop. Além das três faixas de mp3, o arquivo do single traz um release, fotos, encarte, capa e papel de parede, formando um material visual bem interessante.

Primeiro single do disco Voyage (Doutromundo Discos), o lançamento é uma parceria entre os selos virtuais Senhor F e Doutromundo Digital. A Aeroplano foi formada em 2006 pelos músicos Eric Alvarenga (voz e guitarra), Diego Fadul (guitarra), Bruno Almeida (baixo e backing vocal) e Felipe Dantas (bateria e backing vocal). Na discografia estão um EP (Aeroplano. 2006) e um CD demo (Solidão, pra você. 2007), ambos lançados pela Ná Records.

A produção musical é de Gustavo Vazquez (Macaco Bong, Black Drawing Chalks, MQN, Violins, entre outros) e o lançamento é o primeiro físico do selo Doutromundo Discos, que lançou anteriormente em plataforma digital as bandas Johny Rockstar, Plug Ventura e Superjack, e em 2011 lançará o novo do Madame Saatan.

Baixe agora:
www.senhorf.com.br
www.doutromundo.com.br
www.musicaparaense.org