Joel Melo, compositor e guitarrista do Suzana Flag, fez duas músicas no dia seguinte ao primeiro Bafafá Pro Rock, que aconteceu no último dia 13 de julho na Praça da República e reuniu mais de 13 bandas e artistas num manifesto em defesa da música independente. De acordo com estimativas não oficiais, cerca de 3 mil pessoas passaram na área em frente ao palco, montando no anfi-teatro da Praça, entre as 11h e as 18h, quando terminou o evento.
O volume de público aumentou mesmo depois das 15h, quando o clima estava mais ameno. No início da manhã, quando o sol parecia mais forte do que de costume, as pessoas se acomodavam embaixo das sombras das mangueiras nas laterais do palco. Paulo Martins, um dos líderes do movimento composto pela associação Pró Rock, Movimento Bafafá do Pará e Daçum Se Rasgum, pensava que o som não estava se impondo e que talvez o manifesto estive "passando em branco". Era só uma falsa impressão, causada pelo sol que afastou as pessoas mas não a atenção delas - vi Júnior Soares, líder do Arraial do Pavulagem, em frente ao palco, com um olhar curioso e atento. Do meio para o final da tarde o público mais carente de lazer, formado em sua maioria por jovens e habitantes da praça, aproveitou, e mostrou que a iniciativa era algo necessário não apenas para os artistas. Por todos os lados se ouviam elogios à empreitada. E havia um sentimento de orgulho mal disfarçado entre seus realizadores.
A música nova do Suzana Flag, "Bandeira", que diz de forma ingênua mas sincera "levante a sua bandeira / seja ela qual for / mas faça isso com amor(...)" foi para mim um dos principais termômetros do evento, de sua repercussão. Foi a resposta da banda à pergunta sobre aquela mobilização e sobre a sua ausência dos palcos. Um Suzana Flag incompleto, sem guitarra e sem baixo, apresentou-se no manifesto com beat eletrônico e violão, "segurando" sua apresentação apenas na força de algumas canções.
A fala de Renato Torres durante a apresentação da banda Clepsidra foi outro indício do sentimento que permeava a apresentação. Ele demonstrava eperança de que a música independente pudesse vir a mobilizar tanta gente quanto o faz o Arraial do Pavulagem. Se não foi uma mobilização de massas, certamente foi um ato político raro na história da mobilização da classe artística paraense.
De fato o manifesto não chega a ter a intenção de mobilizar grandes massas, mas, sim, garantir espaço e diverdidade de manifestações artísticas musicais no estado. Pense em toda a porcaria que a indústria fonográfica e de entretenimento, falidada e desmoralizada, continua a fornecer a nós, meros consumidores. Se a nossa produção não se encontra no mesmo nível, só pode evoluir se tiver espaço e incentivo. Vale à sociedade ao estado ou seja lá o que for incentivar tal desenvolvimento?! Os artistas se esforçam para tentar responder a isso também. Ou não!
O volume de público aumentou mesmo depois das 15h, quando o clima estava mais ameno. No início da manhã, quando o sol parecia mais forte do que de costume, as pessoas se acomodavam embaixo das sombras das mangueiras nas laterais do palco. Paulo Martins, um dos líderes do movimento composto pela associação Pró Rock, Movimento Bafafá do Pará e Daçum Se Rasgum, pensava que o som não estava se impondo e que talvez o manifesto estive "passando em branco". Era só uma falsa impressão, causada pelo sol que afastou as pessoas mas não a atenção delas - vi Júnior Soares, líder do Arraial do Pavulagem, em frente ao palco, com um olhar curioso e atento. Do meio para o final da tarde o público mais carente de lazer, formado em sua maioria por jovens e habitantes da praça, aproveitou, e mostrou que a iniciativa era algo necessário não apenas para os artistas. Por todos os lados se ouviam elogios à empreitada. E havia um sentimento de orgulho mal disfarçado entre seus realizadores.
A música nova do Suzana Flag, "Bandeira", que diz de forma ingênua mas sincera "levante a sua bandeira / seja ela qual for / mas faça isso com amor(...)" foi para mim um dos principais termômetros do evento, de sua repercussão. Foi a resposta da banda à pergunta sobre aquela mobilização e sobre a sua ausência dos palcos. Um Suzana Flag incompleto, sem guitarra e sem baixo, apresentou-se no manifesto com beat eletrônico e violão, "segurando" sua apresentação apenas na força de algumas canções.
A fala de Renato Torres durante a apresentação da banda Clepsidra foi outro indício do sentimento que permeava a apresentação. Ele demonstrava eperança de que a música independente pudesse vir a mobilizar tanta gente quanto o faz o Arraial do Pavulagem. Se não foi uma mobilização de massas, certamente foi um ato político raro na história da mobilização da classe artística paraense.
De fato o manifesto não chega a ter a intenção de mobilizar grandes massas, mas, sim, garantir espaço e diverdidade de manifestações artísticas musicais no estado. Pense em toda a porcaria que a indústria fonográfica e de entretenimento, falidada e desmoralizada, continua a fornecer a nós, meros consumidores. Se a nossa produção não se encontra no mesmo nível, só pode evoluir se tiver espaço e incentivo. Vale à sociedade ao estado ou seja lá o que for incentivar tal desenvolvimento?! Os artistas se esforçam para tentar responder a isso também. Ou não!
Se o artista não tem obrigação de dar respostas certas, o mesmo não se pode dizer da imprensa. Pense, por exemplo, num jornalista faz a pergunta e não publica a resposta. Um bom jornalista sabe fazer perguntas em momentos oportunos. Mas deve dar a resposta também. Entre os dois jornais diários paraenses, foi pouco o destaque ao manifesto Bafafá do Pará. A imprensa se limita a publicar releases e se queixa quando falta opção para ela própria. O Liberal publicou poucos dias depois do manifesto mais uma matéria sobre a "gangorra" das leis de incentivo. Semelhante a que publicou mais de um ano atrás, quando abordou o caso do Suzana Flag, sabotado na Lei Semear. A discussão parece que não evolui.
O repórter que me ligou para saber sobre a programação estava interessado no rock and roll, afinal 13 de julho é o dia internacional do rock. Parece que não gostou da minha resposta: não exaltava o gênero inaugurado oficialmente por Elvis Presley.
Mas quem somo nós para teorizar sobre o rock and roll?! Os norte-americanos sabem fazer isso melhor do que ninguém. É a história deles sobre o resto do mundo. Há cursos universitários e disciplinas sobre a história do rock. Não sou a melhor pessoa a fazer sobre rock americano. Não quero falar sobre rock americano. Falo sobre a música que se produz aqui. Caetano já disse que a gente não pode ganhar dos americanos nisso. O som deles custa muito caro. Se impõe pela força. Qual análise sobre a influência do rock numa região periférica como a Amazônia tem que ter um mínimo viés antropológico. Deve considerar a indústria do entretenimento, fabricação de sentido ideologia e imperialismo. O rock contestador já era para os americanos. Isso cabe nas páginas de jornais?! Cabe na capa da Rolling Stone Brasil: o rock "sem transgressão" do NX Zero. Sob outra análise, talvez o manifesto ganhasse força. Mas o jovem repórter não sabia ou não queria fazer as perguntas certas.
Ainda que tenhamos bons roqueiros, nosso rock soa sempre como algo diferente. E cada vez mais acredito que é isso que o torna realmente atraente. Aos que não ouviram o grito do manifesto da música independente paraense, façamos nós mesmo nossa repercussão.
O repórter que me ligou para saber sobre a programação estava interessado no rock and roll, afinal 13 de julho é o dia internacional do rock. Parece que não gostou da minha resposta: não exaltava o gênero inaugurado oficialmente por Elvis Presley.
Mas quem somo nós para teorizar sobre o rock and roll?! Os norte-americanos sabem fazer isso melhor do que ninguém. É a história deles sobre o resto do mundo. Há cursos universitários e disciplinas sobre a história do rock. Não sou a melhor pessoa a fazer sobre rock americano. Não quero falar sobre rock americano. Falo sobre a música que se produz aqui. Caetano já disse que a gente não pode ganhar dos americanos nisso. O som deles custa muito caro. Se impõe pela força. Qual análise sobre a influência do rock numa região periférica como a Amazônia tem que ter um mínimo viés antropológico. Deve considerar a indústria do entretenimento, fabricação de sentido ideologia e imperialismo. O rock contestador já era para os americanos. Isso cabe nas páginas de jornais?! Cabe na capa da Rolling Stone Brasil: o rock "sem transgressão" do NX Zero. Sob outra análise, talvez o manifesto ganhasse força. Mas o jovem repórter não sabia ou não queria fazer as perguntas certas.
Ainda que tenhamos bons roqueiros, nosso rock soa sempre como algo diferente. E cada vez mais acredito que é isso que o torna realmente atraente. Aos que não ouviram o grito do manifesto da música independente paraense, façamos nós mesmo nossa repercussão.
P.S - A foto foi feita por Téo Simões, amante do rock de Marabá que veio passear em Belém e acompanhou todo o Bafafá Pró Rock, com alguns amigos.
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