sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Ousadia e coragem
Foto de Ana Flor.
Público do segundo dia do 1o Seminário do Fórum Paraense de Música Independente.
A reportagem da revista Rolling Stone sobre as críticas à Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin) foi citada durante o segundo dia do 1o Seminário do Fórum Paraense de Música Independente. Pablo Capilé, produtor do festival Calango (MT) e coordenador político da Abrafin, defendeu a associação e falou sobre as conquistas da entidade durente seus dois anos de funcionamento. A remuneração das bandas que tocam nos festivais foi alvo de crítica de alguns artistas paraenses também.
Na reportagem citada, o produtor Marcelo Damaso foi ouvido e disse que gostaria que o Se Rasgum fizesse parte da Abrafin desde que não sofresse pressão para escalar bandas "hypadas" por produtores donos de festivais. Capilé declarou que o Espaço Cubo investiu na banda Macaco Bong para que ela tocasse no festival Se Rasgum do ano passado porque a projeção da banda também era interessante para o festival e a associação de Cuiabá. O investimento, porém, retorna como força de trabalho, garantiu.
Dependendo da banda, a sua contrapartida, como artista, é tão importante quanto a visibilidade que o festival dá a ela. Penso que a Abrafin tem mais acertos do que problemas. Mas fico feliz que assunto possa ser discutido abertamente. Aqui, jornalistas como o próprio Ismael Machado, que comentou o post anterior, continuam ignorando as dificuldades da produção independente na região. Comentam os festivais como se vivessem de aparências. Ficam valorizando esforços que o público não tem como mesurar por falta do contexto. É preciso um pouco mais de ousadia e coragem.
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6 comentários:
gostaria de estar em Belém para poder participar de um evento tão importante pra nossa causa! nicolau, sou sua fã, vc é um guerreiro e tem representado a nossa classe como ninguem.
beijo grande pra ti!
Marisa, vc é linda, de corpo e alma, ótima cantora e defende a nossa causa muito bem, juntamente com A Euterpia. Para mim, é muito importante ter o seu reconhecimento. Muito obrigado.
Beijos.
bom, nicolau, não vivo de aparências e nem ignoro as dificuldades da produção independente da região. acho que cada pessoa tem o direito de se posicionar da forma como melhor lhe aprouver. coloco-me sempre na posição de consumidor de música pop. teço comentários sempre tendo o ponto de vista do público. vou a shows querendo sentir sempre a emoção do fã. é isso que me move. não creio que, nesse sentido, eu atrapalhe ou prejudique alguma coisa. muito pelo contrário. a receptividade das bandas e dos produtores é sempre boa, mesmo quando não concordam com opiniões que teço. credito isso ao fato de que não tenho a intenção de jogar contra. acho até que a citação do meu nome da forma como foi feita foi desnecessária, mas tudo bem é um julgamento teu. no post anterior concordei com você e quis abrir discussões sobre a fragilidade de nossos segundos cadernos. tomo o futebol como exemplo do que disse lá em cima. nem todo mundo pode e deve ser o artilheiro. para cada romário no ataque, é necessário que haja um dunga ou um bebeto. há quem veja os festivais ou a produção independente a partir do viés político. há quem os veja a partir dos critérios econômicos. pode ser que haja quem veja isso do ponto de vista cultural, turístico, trabalhista etc.
eu os vejo do ponto de vista do público consumidor e fã. nada mais que isso. é uma postura consciente e lúcida. e que em nada atrapalha o 'movimento'. muito pelo contrário. ajuda. e bastante.
ismael
Ismael,
estamos no século 21. Nos seus comentários como consumidor vc parace um saudosista. É um direito seu, vc é um privilegiado. Mas, como eu disse, estamos no seculo 21 e numa das últimas fronteiras do capitalismo, num lugar onde todas as teorias se (des)encontram e onde a praxis ainda faz algum sentido na construção de um modelo feferencial. É o que o Lúcio Flávio sempre diz na seara dele, estamos perdendo o bonde da história, passivamente. Vc quer ser consumidor? Seja. Problema seu. Quem pode ser consumidor hoje? Que porra é ser consumidor hoje? (desculpe, o palavredao rude, não é nada pessoal).
Acredito que não há muitas escolhas mais. Não há viés economico sem viés social, cultural ou seja lá o que for. Vc, que escreveu sobre o Forum Social Mundial como algo merecesse mais que a ironia da grande imprensa, poderia tentar ao menos se mostrar mais coerente. Não quero crucificar ninguém. Espero realmente que isso não dependa de uma só pessoa ou de alguém como você. Minha opinião sincera é que vc usa muito o espaço que tem para fazer, realmente, o que lhe é mais conveniente. Cita seus amigos quando escreve sobre amenidades, mas não teve coragem de citar o nome do Norman Bates quando escreveu uma critica velada, claramente direcionada à banda. É o que todos dizem sobre seu livro, que voce vendo como uma intensa pesquisa mas que serve muito a sua propria inclusão na história do rock paraense. Nada disso me aflige, espero que você se doa tanto quanto qualquer colega que esteja nos cadernos de cultura dos jornais, quanto qualquer estudante de jornalismo. Quero poder dar algum bom exemplo e ir além da passividade. Se eu ganhar inimizades com isso, se eu perder dinheiro por isso, tanto faz. Estou começando a gostar muito do que faço, e estou fazendo cada vez melhor. Se voce escreve o que quer tem que arcar com as consequencias disso. Escrever para mim é um ato de libertação. quando percebi que meu oficio contribuia para cegar as pessoas pulei fora. Não consigo dormir direito fazendo esse tipo de coisa. Hoje estou muito bem. Durmo pouco só por causa do excesso de trabalho. Só mais uma coisa: deixe os outros avaliarem o quanto vc faz bem pro movimento. Elogio próprio é vitupério. Né assim que diz o LFP?
grande abraço, nicolau. ah...já elogiei o norman bates em diversas ocasiões, quando fui entrevistado, quando me pediram opinião. nãosei nem porque fui citado no teu texto. nem mereço isso. mas continuarei fazendo o que me aprouver e sendo feliz com isso também. a inutilidade do meu livro, que é vendido como uma visão pessoal a respeito do que viv e vivi, e que tive a paciência de fazer, já ajudou e inspirou quatro trabalhos acadêmicos na UFPA (participei da banca de um junto com o dickinson menos de um mês atrás) e um na UEPA. acho que isso é alguma coisa. auto-elogio? com todo o respeito, você não é a pessoa mais indicada para falar sobre isso, já que usa pseudônimos para elogiar sua banda e num texto diz a respeito do seu grupo 'o mais talentoso dele tem de se dedicar a outras coisas que não a música', algo assim.
na verdade, só estava tentando, como disse antes, passar uma mensagem de concordância com o que disseste antes naquele post, mas isso já ensejou algo como essa inclusão do meu nome de uma forma desnecessária num texto e num contexto do qual não vejo razão.
que coisa!
Ismael, meu caro, não se faça d vítima. Seu livro tem méritos. Tem o grande mérito de ser o único registro sobre nossa história. Isso é muito. Mas, está na hora de ir além. E isso inclui reconhecer erros, arcar com a consequencia deles e tentar superá-los. Se sua contribuição para isso é essa somente, pode deixar por aí. Tá de bom tamanho. Vá ser feliz. Mas, brother, não venha me dizer que você é um mero "consumidor de música pop". Alguém que tem uma coluna naquele que se diz o maior jornal do Estado, com a repsonsabilidade de escrever sobre cinema, música e "cultura pop", tem uma responsabilidade maior. Talvez suas analises estejam a altura desse mesmo jornal, mas nenhum dos dois (digo sua produção recente e a cobertura dos cadernos de variedades) está a altura do potencial artístico da cena de Belém. Nenhum jornalista foi capaz de definir porque o ano de 2006 "não aconteceu". A frase de efeito é linda, mas o argumento rasteiro de quem escreveu essa frase não explica nada. Não lança luz sobre essa coisa que acontece diante de nós e não vemos. O que você acha que tem para acrescentar sobre a crítica da obra da Madonna?! Pode até ter, mas não se esforçou muito da última vez.Quem tem o poder de ser "formador de opinião" deve ter consciencia da sua propria responsabilidade. Não posso admitir que um cara que se diz jornalista e ainda dê aula numa faculdade se posicione dessa forma.
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