sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
O rock salva!
O cearense Sidney Filho chegou em Belém há 15 anos. Meu colega de turma na universidade de jornalismo, aprontou muito no circuito independente da cidade. Começou a escrever para internet em 1999, para o site www.ibelem.net, onde assinava a coluna "Nem Alhos, Nem Bugalhos". Em 2004, começou a escrever também para outro extinto site paraense www.miriti.com.br, com uma coluna já dedicada exclusivamente a divulgação das novidades sobre as bandas autorais paraenses. Em 2005, colaborou com o site www.senhorf.com.br. Em 2007, escreveu para o site www.showlivre.com.br, e o nome da coluna era "Independência ao Norte". Sem deixar o Show Livre de lado, Sidney alimenta com freqüência dois blogs que já são referência na blogosfera paraense, o Ver-O-Pop e o Rock Pará. Agora Sidney Filho deu um passo adiante, tendo seu trabalho reconhecido internacionalmente. Ele é o mais novo colaborador internacional do portal do selo americano Nada Label, que traz entre suas missões e objetivos promover a interação do público americano com os artistas de vanguarda do rock e da música contemporânea, inclusive pelo Brasil. Graças a ele, a audiência do Bafafá Pro Música, por exemplo, já é internacional. Sidney Filho tem grandes serviços prestados ao rock e à música paraense. Confiram o bate papo que tivemos no dia do Natal.
Nicolau: Como foi que o pessoal do Nada Label descobriu você?
Sidney Filho: Eu recebi um recado pelo Facebook da Delyse-Braun, que tinha conhecido os meus blogs. Ela afirmava que tinha gostado do conteúdo. Ela disse que trabalhava no selo americano de música independente Nada Label. E começamos a trocar figurinhas. Na semana passada, rolou uma apresentação geral com todos os integrantes do site e do selo. E hoje em dia, eu já faço parte da equipe como colaborador e divulgador da música paraense.
Como começou seu envolvimento com a música independente do Pará?
Antes de vir para Belém, eu tinha vindo de Recife, onde morei oito anos. Presenciei todo o nascimento do Manguebeat e quando cheguei aqui, pirei com a cena. De cara virei roaddie de uma das melhores bandas de trash metal do Brasil, o DNA. Depois já na faculdade, conheci outras bandas como Pig Malaquias e Norman Bates, que estava começando. Ainda na faculdade montei dois zines: Torpedo 136 e ZONA.
Você nasceu onde?
Eu sou cearense, mas morei em milhares de cidades. O meu pai é militar da reserva da Aeronáutica. "Não sou de nenhum lugar, sou de lugar nenhum". Mas estou em Belém há 15 anos. Sou praticamente paraense, e com muito orgulho.
Você também produziu umas festas e trabalhou com algumas bandas já dessa geração da música paraense. Conta um pouco...
Bem, eu produzi várias bandas: Cravo Carbono, A Euterpia e Madame Saatan. Além disso, eu, o meu primo (Miler) e o meu irmão (Beto) produzimos uns eventos no Mormaço, quando no Mormaço só ia a pior espécie, que foi o "Ver-o-Pop", que atualmente é o nome de um dos blogs que edito.
Você é um observador atento dessa tal cena paraense. Como você avalia o momento atual? Estamos preparados para mais um ciclo de expansão do rock e da música paraense?
O que é mais interessante atualmente é que estamos passando por uma época de transição, muito mais ligada ao mercado. Muitas coisas ainda estão indefinidas. Só que o mais importante é que Belém é o olho do furacão, sobretudo, quando se fala de música contemporânea. Uma cidade que gera bandas nada parecidas, como Norman Bates, Madame Saatan e Retaliatory, por exemplo, merece atenção do mercado.
Pois é, e tem o Aeroplano, Suzana Flag, Juca Culatra, Pio Lobato, Clepsidra e um monte de coisa diferente e "fresca" aos ouvidos...
Sem contar os Mestres Verequete, Cupijó, Laurentino, Chico Braga etc. Belém é um celeiro de músicos e músicas inacreditáveis!
Você acha possível que artistas como esses, por exemplo, possam estar lançando em breve discos por selos internacionais?!
Eu acho que hoje em dia, vivemos a maior revolução de todos os tempos, que é o poder da comunicação, através da internet. Então, por exemplo, o BNegão já excursionou para Europa várias vezes, com contatos feitos pela internet. Seria, sim, completamente viável.
Engraçado que Belém, às vezes, parece surda para algumas dessas coisas. O movimento tem que vir sempre de fora pra dentro?
O mais absurdo é isso. Aqui é um celeiro de músicos geniais; mas como tudo no Brasil é preciso que alguém de fora reconheça, para que a população local também acabe dando valor. Infelizmente, isso é coisa de brasileiro mesmo. Mas os ouvidos já estão se abrindo. Apesar disso, parece que as bandas locais vivem num universo paralelo que a elite falida da cidade prefere não reconhecer e é viciada em festinhas que tocam as tristes bandas cover, ou os DJs, que ainda tocam Dire Straits e U2. Essas bandas mega grandes não precisam disso, e nas festas daqui deveriam tocar as bandas autorais, tanto nos palcos quanto nas pick ups.
Muitas vezes os caras ignoram mesmo. Não há conexão entre certos DJs descolados e a produção local. Na verdade há uma certa disputa entre DJs, produtores e músicos. Alguns são mais estrelas do os ‘”artistas”. Isso também parece uma característica de Belém...
Eu acho isso tudo muito surreal. Porque em São Paulo, eu cheguei a ouvir La Pupuña e Suzana Flag numa festa da Outs (só não lembro quem era o DJ). Então, não querendo ser demagogo ou algo parecido, mas a palavra de ordem de 2010 será SOMA. Não dá mais para haver essa disputinha barata, todos têm o mesmo objetivo: impulsionar a cena. Então, como já disseram os Ramones várias vezes: Hey Ho!! Let's Go!!
Bom, tomara que você esteja certo e a gente se encontre nos objetivos comuns. Mas uma coisa é certa, só vamos ter um mercado equilibrado e justo se houver esta soma. Que 2010 seja bom pra todos. E você o que vai aprontar esse ano ainda?
Hoje à tarde, de duas às quatro, vou apresentar um programa especial de Natal com o Marcelo Souza no Instituto Federal do Pará. É só acessar o link da Rádio IFPA.
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