A performance de despedida de Sammliz, Edinho Guerreiro (ambos do Madame Sataan) e Arthur Kunz (Clepsidra), juntamente com Maurício Panzera, foi algo de especial. Sammliz e Edinho voltaram a São Paulo onde trabalham na pré-produção do segundo disco da banda, enquanto o jovem baterista Arthur Kunz deve partir para a Itália no dia 4 de fevereiro para uma temporada de pelo menos três meses, que pode se estender na trilha de seus estudos musicais.
O encontro desse quarteto aconteceu ontem no São Matheus durante o show Magnetique, que reuniu em seu repertório clássicos do hard/heavy rock e pérolas da MPB em versões de bom gosto e sofisticação. Sammliz arrasou na interpretação das “pedras”, abrindo o repertório logo com uma versão de War Pigs, engatando em seguida “uma” Eu sou neguinha, como que anunciando a proposta eclética do repertório. Algo arriscado. Ousadia que falta nesse rock paraense.
Apesar do know how de metaleira, a vocalista não decepcionou na interpretação das canções de MPB e até surpreendeu com o standard jazz Summertime. Mas seu forte mesmo é o hard rock. Depois de passear por Led Zeppelin, Black Sabbath e outros clássicos, Sammliz se mostrou como a rainha do rock paraense e pôs seus súditos metaforicamente de joelhos durante a apresentação de Duo e Molotov (do repertório do Madame Saatan), intercaladas por uma versão quase comportada de Highway to Hell.
A cozinha de Panzera e Kunz, entrosada, mostrou versões mais jazzy e suingadas, mas não decepcionou quando o peso se fez presente. “Eu ainda estou indeciso entre o jazz e o rock”, disse Kunz depois da apresentação, meio em tom de brincadeira. “Siga essa linha mesmo que você vai bem”, devolvi entre risos de satisfação.
Panzera, sempre eficiente nas levadas suingadas, desceu os dedos sobre as cordas do contrabaixo e fez pensar como soaria um Madame Saatan mais ao champignon (como diria Simonal). A tendência se mostra uma possibilidade pelo que se ouve dos ensaios da banda para esse segundo disco. Tendência ainda mais acentuada pela performance de Edinho, que se mostra cada vez menos a feito ao metal do que às harmonias de jazz e bossa nova. Fez pensar e nos deixou imaginando coisas.
Foi um momento especial, para poucos, muito bem prestigiado pelos amigos do rock, jornalistas, produtores, fã-clube e descolados. O cenário parecia algo hypado mesmo. “Daqui a pouco eu anuncio as celebridades”, brincou Sammliz. Ainda bem que eu estava lá.
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2 comentários:
Ótimo texto, Nicolau. Vou repercuti-lo no "Na Rede" do Som do Norte.
Mas, só pra constar: Panzera também é do Clepsidra. Aliás, fundou a banda com Renato Torres em 2001.
Obrigado, Fábio. Eu sei que Panzera é do Clepsidra, mas obrigado por lembrar que isso deveria estar mais explicito no texto. Fique a vontade e volte sempre.
Grande abraço.
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