domingo, 17 de maio de 2009

Belém Cultural

Outro exemplo de como o desenvolvimento economico anda em descompasso com o desenvolvimento cultural em Belém foi a festa do Coletivo Meachuta no Mirage Clube. Fui com muita vontade de ver o Montage mas não pude ficar até o início do show. Sufocada por uma mistura de fumaça de cigarro e gelo seco, minha namorada passou mal. Pedimos a um dos integrantes da festa que fóssemos lá fora literalmente respirar um pouco para voltar e esperar um pouco mais pelo show. Não deu. Como respirar é uma necessidade vital do ser humano, muito mais do que assistir ao show do Montage, não tivemos dúvida: fomos embora.
A festa parecia uma rave, sets longos e todo mundo disposto a beber e fumar. Não sei bem porque as raves saíram de moda em Belém, mas deve ter sido pelos sucessivos escândalos envolvendo sexo e consumo de drogas. Fato é que as raves se consolidaram como o que realmente são: uma alternativa. Sua filosofia cai bem com a liberdade que praias e ambientes abertos propiciam. Você escolhe se quer fumar, beber, foder ou dançar com mais ou menos intensidade, em que momento e a que distância das maiores aglomerações.
No Mirage Clube essa liberdade não existia. Todo fechado, o clube ficou abafado, a respiração, insustentável. Não pensem os organizadores que o sucesso impede a reflexão a respeito. Com o crescimento, logo surgirá a concorrência mais acirrada, até porque o sucesso se deveu muito mais à falta de alternativa da cidade. Pois, que venha a concorrência para elevar a qualidade.
Será que esse princípio liberal ainda vale na última fronteira do capitalismo? Se não valer, ao menos que os órgãos fiscalizadores façam valer a lei que proíbe o fumo em recintos fechados.
Em Brasília, onde tal lei não pode ser ignorada, o mais tradicional clube alternativo da cidade, o Gates, usou uma solução criativa e agregadora. Uma área aberta, reservada a fumantes, promovia um rodízio interativo entre os integrantes da festa. De lá, você sai mais sociável. Mais distante da música alta, pode ter contato com outros artistas, produtores, jornalistas e bela mulheres. Se não rendesse se dar bem na noite, quem sabe renderia uma outra visita ao clube para mostrar seu trabalho.
Pois é, Belém, ainda falta muito!

2 comentários:

Anônimo disse...

é apenas uma questão de tempo... quanto mais alto... maior é a queda...

Anônimo disse...

vai fazer concurso Nicolau...kkkkkkkk