quarta-feira, 14 de abril de 2010

Conexão Belém-Brasilia

Banda braziliense Soatá: carimbo e rock

Em meados de 1990, quando a banda Epadu surgiu em Belém fazendo a fusão do rock com o carimbó e outros ritmos amazônicos, só existia algo parecido no Brasil em Recife, com Chico Science e Nação Zumbi e sua fusão mista de maracatu. Naquela época, Belém perecia ainda uma distante capital capaz de influenciar a cena nordestina com o carimbó, mas sem se destacar dentro de um cenário globalizado. Hoje as coisas mudaram, e o Epadu foi parar em Brasília, com um de seus fundadores, o compositor e guitarrista Jonas Santos. O grupo não resistiu ao sertão agreste, mas deu como cria um calango filho de paraenses, a banda Soatá. Com a proposta de unir os ritmos do Norte ao rock, ao funk e à música pop, Jonas Santos se juntou ao baterista Riti Santiago (ex-Cambio Negro) e Dido Mariano e depois à cantora Ellen Oléria e ao percussionista Lieber Rodrigues. Nascia, há três anos, a banda que ganhou destaque no ano passado e vem despertando interesse da crítica especializada e do público, através do ritmo contagiante do carimbó. A banda se apresenta pela primeira vez em Belém, no Bafafá pro Rock, domingo, na Praça Waldemar Henrique. Confira a entrevista com Jonas Santos.

Nicolau - Quando e como surgiu o Soatá?

O grupo foi uma transição. Em 2006, eu e o Cláudio Figueiredo retomamos o EPADU aqui em Brasília para gravar um CD e fazermos algumas apresentações. Nessa retomada o Dido Mariano e o Riti Santiago, baixista e baterista do Soatá, conheceram a proposta musical de explorar ritmos do Norte. O Epadu fez alguns show aqui em Brasília, mas por falta de estrutura os integrantes aí de Belém tiveram que retornar. Depois, recebi o convite entusiasmado do Riti e do Dido pra que, mesmo sem os parceiros aí de Belém, continuássemos com o trabalho. Ficamos, então, ensaiando e procurando percussionista e vocalista para o grupo. Até que apresentamos o trabalho para Ellen Oléria e para o Lieber Rodrigues. Com todo mundo sintonizado nessa idéia do ritmo do Norte, do carimbó, começamos a trabalhar o repertório.

E como foi para os músicos trabalharem essa proposta? Houve alguma dificuldade em assimilar o ritmo do carimbo, por exemplo?
O Riti e o Dido conheceram bem o ritmo através do Ronaldo Farias e do Veudo, percussionistas aí de Belém que estiveram em Brasília. A Ellen já ia a Belém regularmente antes até do convite pra cantar na banda. E eu fui apresentando os mestres de carimbó pra eles. Fui tentando passar pra eles essa "forma" dançante do carimbo.

Como evoluiu essa proposta?! Hoje já dá pra perceber a contribuição dos músicos, alguma coisa meio soul e funk que talvez venha da influencia da Ellen e dos outros integrantes...
Com certeza. Tem muito a ver com cada integrante. A Ellen tem muita coisa de samba, de funk no som dela. O Dido é um baixista de jazz e música brasileira. O Riti tem uma pegada mais rock, o Lieber é um percussionista que teve contato com os percussionistas do Epadu, pesquisou, e começou a tocar o carimbo.


Vocês ganharam bastante destaque depois que foram finalistas do Conexão Vivo no passado. Como foi participar desse projeto?Foi muito bom... Até mesmo por que começamos a divulgar nosso trabalho aqui em Brasília depois desse evento. O Conexão Vivo é um evento grande, com vários nomes importantes participando e todo mundo querendo conhecer coisa nova. Isso é muito bom. Os resultados dessa participação ainda estão surgindo pra nós, estamos participando de um edital de animações com a música "No baque", ainda pelo Conexão Vivo.

Vocês vão tocar a primeira vez em Belém. Estavam ansiosos por vir tocar aqui?
Cara, na verdade, desde que o grupo fez o primeiro show na UNB três anos atrás, eu já tinha como prioridade essa ideia de tocar em Belém. Os paraenses que escutam a banda ao vivo se identificam, e reconhecem o que agente tá tentando dizer. Pra gente é uma vitória muito grande tocar aí. Todos estão com muita expectativa, de verdade. Acho que o publico de Belém que prestigiar o show do Soatá vai ver que o nosso som foi feito com um pé e com a cabeça aí.

Você ainda acompanha a música feita aqui? O que tem escutado?Na Feira da Música de Fortaleza esse ano eu tive a oportunidade de ver o "Floresta Sonora",
banda do Calibre. Escuto as bandas dos amigos, o Norman Bates, Deliqüentes... quero nessa visita a Belém, conhecer a galera nova que ta fazendo som aí. E sempre escuto os mestres do carimbó: Cupijó, Verequete...

Ótimo, fique a vontade pra mandar um recado pro público de Belém.
Galera... "Vamo" curtir esse Rockarimbó do Soatá. Uma banda de conexão entre Belém e Brasília. Belém será um público ímpar. E vai com certeza se identificar com a nossa música!

Nenhum comentário: