segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Se Rasgum: Ritmos e artistas paraenses em destaque

Nelsinho Rodrigues agita a galera no Se Rasgum 2010. Foto: Eunice Pinto

Por Elielton Alves Amador*


Nem a chuva desanimou o público do segundo dia do festival de música Se Rasgum, no Afrikan Bar. A chuva no início da noite atrasou um pouco a programação, mesmo assim, quando o sol nasceu na manhã de domingo, pelo menos mil pessoas ainda acompanhavam o cantor pernambucano Otto no show mais esperado da noite.

Otto fez duas horas de show e reverências à música paraense, encerrando sua participação no festival depois das 7 da manhã de domingo. Disse que estava emocionado e pediu as bençãos de Mestre Laurentino e Dona Onete, entre outros padrinhos da cultura paraense.

"É meu carimbó, não poderia deixar de tocar em Belém. Estou um pouco nervoso", disse ele antes de tocar "Nebulosas ", uma de suas faixas que emulam o ritmo paraense. Canções do último disco "Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos", que além de ter música em novela global foi bastante elogiado pela crítica, animaram o público paraense.

Além do show de Otto, mereceu destaque na segunda noite do festival, a banda brasiliense Soatá, o segundo mais empolgante show do dia. O Soatá também traz em sua essência sonora o espírito da música paraense, porém, misturado ao rock e ao soul funk.

Jonas Santos, compositor e guitarrista da banda Soatá em registro de Eunice Pinto


Formada em Brasília há três anos pelo paraense Jonas Santos, o Soatá reúne parte do repertório da banda Epadu, formada em Belém por ele mesmo em meados da década de 1990. Com a força negra da voz de Ellen Oléria, o som ganhou swing e paixão que encantam.

Faixas como "No Baque", cujo clipe ganhou o prêmio recente do Conexão Vivo de animações, e "Lunática Maria" empolgaram muito os paraenses que a aplaudiram e celebraram a apresentação da banda. O show encerrou com uma animada mistura de punk rock com quadrilha junina, “Anarquiá”.

Fosse no show dos brasilienses do Soatá ou no repertório do pernambucano Otto, a música paraense reverberou com destaque no festival. Mas foi na apresentação de Nelsinho Rodrigues que a mais popular das expressões paraenses contemporâneas, o estilo brega musical, colocou o público paraense em transe de festa. Jovens invadiram o palco para cantar e dançar junto com o compositor do sucesso "Gererê".

Neste segundo dia, pelo menos mais 13 atrações passaram pelos três ambientes do Afrikan Bar, incluindo o Laboratório Música Paraense.Org, que contou com excelentes shows de Clepsidra e do DJ Pro Efx, com a participação do MC paulista Don Lampa, artista da emergente cena rap ragga brasileira.

No primeiro dia, na abertura do festival, os destaques ficaram por conta do apaixonado show da cantora Dona Onete, acompanhada dos integrantes do Coletivo Rádio Cipó, e de Felipe Cordeiro e os Astros do Século. A noite de sexta foi fechada pelo paulista André Abujamra num show que misturou precisão técnica e ousadia de linguagem visual.


*Texto originalmente escrito para a Agencia Pará (www.agenciapara.com.br)

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