terça-feira, 16 de setembro de 2008

Manifesto Jornalístico da Música Independente

Tem gente que leva a música muito a sério! Em plena campanha eleitoral, um movimento de artistas e produtores musicais resolveu se aproveitar dos políticos a procura de visibilidade e votos. O Fórum Paraense de Musica Independente (FPMI), formado por entidades como a associação Pro Rock, o Movimento Bafafá do Pará, o coletivo de produtores e jornalistas Dançum Se Rasgum, o Movimento Pará Roots e micro empresários como os donos do selo Ná Music e do APCE Estúdio, resolveu chamá-los para legitimarem a sua iniciativa, criando uma entidade que possa influenciar ou deliberar ações culturais e investimentos públicos a fomentar a atividade cultural e econômica conexa à cadeia da música.
O Fórum abre neste dia 17, quarta-feira, o primeiro seminário do FPMI, em que deve ter assento o secretário de cultura e o presidente da Fundação cultural de Belém (Fumbel). Além deles, devem compor o fórum ainda o empresário Ná Figueredo, o coordenador do movimento bafafá do Pará Paulo Martins e quem mais representar as classes artísticas e de produtores no Seminário.
O FPMI está convidando publicamente todos os candidatos a prefeito de Belém a participarem da segunda rodada de debates no primeiro dia do seminário, para que eles expliquem qual a visão deles sobre política cultural, economia da cultura e outros conceitos muit em voga entre os artistas engajados.
“A idéia é consolidar e legitimar mesmo esse movimento, para que ele, sendo uma entidade formada pelos principais sujeitos na produção da música independente, em qualquer estilo ou gênero, possa ganhar espaço político em favor dos artistas e da população, que é privada do acesso a produção desses artistas”, teoriza o cantor e compositor Paulo Martins.
A discussão parece complexa. E é. Com a crise do mercado fonográfico e o atraso do Estado em relação as políticas culturais a nível federal, os paraenses da música vivem tardiamente seus dias de luta. “Só conseguimos patrocínio privado muito em cima do evento e só conseguimos realizar o terceiro festival porque o movimento ganhou espaço junto ao governo do estado, que cedeu a infra-estrutura mínima para que o evento pudesse acontecer com dignidade, digamos assim”, explica o produtor Gustavo Rodrigues, do Se Rasgum, que realiza a terceira edição do festival homônimo, que colocou Belém na rota do emergente circuito alternativo de rock no Brasil.
Além da criação de pontos de cultura para associações de músicos e cooperativas de comércio digital de música, a inclusão do festival entre os associados da Abrafin, a Associação Brasileira de Festivais Independentes, é uma das bandeiras do FPMI. “No terceiro ano, o festival, que é importante porque valoriza a produção autoral paraense pode concorrer a editais como o da Petrobrás e receber patrocínio nacional negociado através da Abrafin, que já tem uma abertura muito grande”, continua Nicolau Amador, guitarrista da banda Norman Bates e membro da Pro Rock.
Os movimentos envolvidos afirmam que estão procurando adesão para que o Fórum seja reconhecido publicamente como uma organização da sociedade civil. “A gente não pode só confiar nos políticos, a gente tem que cobrar e fazer a nossa parte. A intenção não é privilegiar um grupo, mas desenvolver algo que seja bom para todos os artistas e para a população, conseqüentemente”, opina Jayme Katarro, vocalista da banda punk Delinqüentes, que tem 22 anos de estrada.
Além dos líderes locais da música independente, o seminário vai receber a visita do produtor Pablo Capilé, coordenador do Movimeto Espaço Cubo, de Cuiabá (MT), e membro da Abrafin. Capilé vem falar da sua experiência com associativismo e economia solidária, que tem ajudado a fomentar o circuito alternativo em todo o Brasil em parceria com a Abrafin.
O FPMI tem apoio do Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura (Secult), fundações Curro Velho, Tancredo Neves, Carlos Gomes e Instituto de Artes do Pará (IAP).

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