"Acho que só não gosto de brega, funk e doom metal". Foto de Felipe Accioli no show Brasilidade
Nanna Reis fez 19 anos em maio, mas desde os 17 já canta em festivais pelo país. Filha do compositor Alfredo Reis e irmã de Luma, ela canta desde os oito anos de idade, quando entrou para o conservatório Carlos Gomes. Estudou flauta transversal, flauta doce e fez cinco anos de canto popular e técnica vocal. Atualmente se dedica aos estudos de canto lírico e ao curso de licenciatura em música na Universidade Federal do Pará. Cantou em shows de muitos artistas, antes de participar do projeto de Renato Gusmão, “Da pátria”, em 2008, o que a fez decidir-se de vez a encarar a carreira artística. Sua mais recente conquista foi ganhar o prêmio do Festival RBA de Música, de Edgar Augusto, com a música “Iluminada”, de Tynnoco Costa, concorrendo inclusive com uma música do pai Alfredo Reis. Quando a ouvi cantar pela primeira vez ao lado de outras cantoras no show em homenagem a Billy Blanco, fiquei impressionado. Mais impressionado ainda quando ela me disse que acabara de completar 18 anos. Ontem, antes de gravar uma participação no aniversário do programa Invasão, da TV Cultura, com Pro Efx e Simba Amlak, ela concedeu com exclusividade ao Qualquer Bossa a seguinte entrevista.
Nicolau: Você pensou em fazer em outra coisa na vida além de música?
Nanna: Pensei em fazer Letras e Administração. Mas mudei de idéia porque não ia adiantar fazer Administração e ser uma profissional frustrada. Quero ser uma profissional feliz e realizada. Eu já fazia musica, sempre fiz isso e não tinha porque não seguir a carreira de musicista. Acho que fiz a opção certa.
Você gosta de ragga?
Acho que só não gosto de brega e funk, e talvez de doom metal, que é aquele estilo de heavy metal meio depressivo. Mas gosto de algumas bandas de metal que tem cantores líricos e tal. Mas meu lance é mesmo é MPB. Mas misturar é tão legal. Gosto de muita coisa mas no momento o erudito está totalmente presente na minha vida agora.
O que você está fazendo agora?
Estou nesse projeto com o Pro Exf. Ele me mandou umas três bases e eu gostei de uma, em que pus uma letra. Como ficou legal a idéia é fazer um EP com cinco músicas e lançar pelo selo Na Music. Também vou começar a tocar com uma banda de reggae a partir de setembro chamada Mahara. No mais, eu me viro, estou no curso de licenciatura e fazendo gig por ai. Dando aulas de canto. Ano que vem se for aprovado em algum edital e for captado rola o primeiro CD.
Registro de Bruno Pellerim no show Brasilidade
Do que falam as tuas letras?
Eu gosto de coisas viscerais. Eu gosto de brincar de compor. Na UFPA a gente fez isso, brincar de compor. Com o Pro Efx rolou de desenvolver um tema que era o “compromisso” então pensei no caso da garota que assume um compromisso. Musicalmente, para fazer isso hoje, eu me alimento de muita música latina e música africana. É bom não se bitolar em música tem tanta coisa para se fazer e conhecer. E eu tenho sede de fazer coisas diferentes e conhecer coisas novas. Música te dá tantas possibilidades de ritmos, de cultura que dá pra agregar isso à tua própria cultura. O importante é não se bitolar e somar isso na tua vivência. A música que você faz é sempre o reflexo da tua vivência.
Como foi se decidir pela carreira artística?
Depois do show “Brasilidade”, que eu fiz em maio deste ano, eu pensei “e agora, como vai ser?” Achei que já tinha maturidade psicológica e técnica para me jogar nisso. Depois de ter aprendido de forma ostensiva e na marra de cantar nos shows, achei que era a hora. Nunca havia saído de Belém e viajei pela primeira para um festival aos 17 anos. Isso abriu a minha mente. Depois veio o projeto com o Renato Gusmão, que foi o primeiro cara que me deu moral mesmo para poder cantar e eu sempre lembro dele por isso. Sempre que ele me chamar vou cantar no Da Pátria.
E como tu pensas profissionalmente a tua carreira?
Estou com uma produção agora. O primeiro passo é me afirmar aqui em Belém mesmo, enquanto eu me formo. Nesse período eu vou pesquisando e desenvolvendo a minha música. Meu ideal é ter uma produção e não deixar de dar aula porque assim acredito que posso passar alguma coisa para as pessoas e deixar isso também somar na minha vivência de cantora. Trocar essas experiências com as pessoas.
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