Leonardo Salazar ontem no Sebrae. Ele fala e a rapaziada presta atenção (Agradecimentos a Assis Figueiredo pela foto).
Leonardo Salazar está com a agenda cheia até o final do ano. O Sebrae de Manaus (AM) tentou comprar a palestra e o curso "Música Ltda." mas não conseguiu. O projeto Pará Pro Música saiu na frente. Quando o livro dele chegou na sede do Sebrae-PA foi direto pra mesa do gerente de comércio e serviços, que juntamente com o comite gestor, analisou o trabalho e decidiu contratá-lo. Não a toa. Leonardo Salazar vendeu 20 livros na palestra de ontem no Sebrae. Pena Schmidt, ex-executivo da Warner Music que descobriu as principais bandas do rock brasileiro dos anos 80, comprou um e quando recebeu em casa ligou para Leonardo pedindo mais 10 exemplares para dar de presente para os amigos. "Isso para mim, foi a glória", disse Salazar.
A primeira tiragem do livro está acabando e logo será providenciada outra. Com apenas 30 anos de idade mas muita experiência no negocio da música, Leonardo conseguiu um feito incrível, tendo paciência e organização para mostrar o que a maioria dos produtores esconde. Seu livro é uma pérola, um achado para quem pretende empreender e levar a música a sério. "Eu escancarei um monte de coisas que os caras não revelam", disse ele.
Leonardo não se confrontou ontem com Pablo Capilé, apesar da ênfase que Pablo deu a essa expressão, usada aqui no blog e twittada por outras pessoas de Belém. Foi bem educado e cortês.
Pablo chegou falando alto e se justificando. Mas viu que ninguém queria briga. Confrontar ideias é bom no limite em que permanecem no nível das ideias e ninguém precisa coagir os outros. Na saída e na entrada, Leonardo disse apenas o seguinte: "Eu vim dar o meu recado. Quem tiver ouvidos para ouvir que ouça." Tive a oportunidade de conversar muito com Leonardo nas poucas horas que ele esteve em Belém e posso garantir que é o cara certo para implementar método ao projeto Pará Pro Musica.
Explico, o percussionista Paulinho Assunção frisou algo que Salazar falou em sua palestra: a dificuldade dos técnicos e executivos do Sebrae (não o de Belém mas os de qualquer Sebrae) tem de entender a linguagem e o modus operandi dos músicos. Paulinho disse que Salazar, pela experiência dele, pode conseguir ou quem sabe ajudar a implentar isso.
Do debate com Pablo Capilé, em que afirmei exatamente o que venho dito nos últimos tempos nas listas, que não há nada contra o Circuito Fora do Eixo. A rede é uma grande e incrível iniciativa, que ostenta números de que se deve orgulhar. Dito isso, o trabalho em rede, cooperado ou solidário, não deve ofuscar a necessidade que o músico (independente de qualquer coisa) de aprender e empreender individualmente.
Os estudiosos dizem que a cultura tem ao menos três dimensões: individual (antropológica?), a social e a econômica. Individualmente a arte é uma manifestação do espírito, logo, uma manifestação não pode ser igual a outra. Arte não serve pra comer, não ajuda a passar em concursos públicos, mas é a "futilidade que te traz felicidade", segundo Bob Menezes.
Sendo assim, é preciso saber empreender individualmente para que o trabalho em rede (social) possa ser melhor, fortalecendo a dimensão econômica da cultura. Política cultural, estrategicamente, só faz sentido, acredito, se massegar com cuidado essas três partes do todo.
Rock 24 horas
Do debate, também ficou uma lembrança quando falamos dos festivais de rock e música independente que formaram depois tanto o Circuito Fora do Eixo quanto a Abrafin. O festival mais antigo, o pernambucano Abril Pro Rock, onde Leonardo Salazar começou sua carreira, surgiu em 1993, ano em que o Rock 24 horas acabou.
O paraense Rock 24 horas, que entrou para o Guiness Book como o festival mais longo com atrações ininterruptas do mundo, surgiu em 1991 e cresceu muito em 1992. Seu ápice teria acontecido em 1993, ano em que o APR surgiu. Pena Schmidt, o mesmo que foi o primeiro presidente da Associação Brasileira de Música Independente (ABMI), talvez a primeira tentativa de empreender e organizar a cena independente brasileira, esteve no 3o Rock 24 horas para lançar o Virna Lisi, uma banda mineira que era o carro chefe do seu primeiro selo indie depois de sair da Warner, o Tinitus.
Ou seja, Belém esteve nessa vanguarda, justamente pelo histórico do seu rock, que gerou, como todos sabem, a primeira banda de heavy metal da América Latina a gravar um album, o Stress, e teve seu momento de glória com bandas como Mosaico de Ravena, Alibi de Orfeu, Tribo, entre outras.
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