quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Debates destruidores?!

Há dois dias um fato curioso mostrou o poder da internet como instrumento de democratização e de pressão política nos mais íntimos amibientes. Depois de levar um fora da coordenadora de planejamento do Circuito Fora do Eixo em Belém, a banda paraense de Capanema Destruidores de Tóquio pôs a boca no trombone utilizando-se apenas dos próprios emails trocados com Barbara Andrade, de seu blog e de um perfil no Twitter para provocar pessoas influentes (o público geral) e conseguir reverter a situação positivamente a seu favor.
Pressionada pela opinião pública, Barbara retrocedeu apesar de ser reconhecida por posturas radicais. Voltou atrás a fim de apaziguar as pressões sobre o projeto político do Fora do Eixo.
Quem conhece Barbara (como pude conhecer tanto na relação profissional quanto pela participação política, apesar de curta, no Fórum Permanente de Música do Pará), sabe que ela é capaz de atitudes radicais e, vamos dizer assim, fortes ao se confrontar com quem questiona suas ações. Sua ação de retroceder mostra o poder da pressão da opinião pública mas mostra também que sua teimosia em admitir erros tem limites.
Imagino que a decisão foi difícil, mas a colaboração da banda, que soube ser coerente e serena em aceitar as desculpas e o novo convite para tocar no Festival Megafonica, que acontece no final do mês em Belém, contornou o problema. Mas não deixou de provocar as mais radicais reações do público (como mostram os comentários no blog dos Destruidores).
Barbara replicou uma resposta dos Destruidores com arrogância e deselegância. E a posta por email ainda foi seguida de mensagens anteriores, trocadas entre os “megafônicos”. Numa delas o produtor Yuri Malcher desdenha a reivindicação dos Destruidores por um horário de destaque na programação do festival. Indignados os Destruidores colocaram as trocas de email no blog da banda e mandaram mensagens para pessoas influentes do circuito alternativo de música no Twitter. (Quantos deles publicaram a repercussão do caso eu não sei)
Veja a transcrição da mensagem de Yuri, que tanto indignou Nazo Glins, vocalista e guitarrista dos DDT:

Pô ainda querem horário melhor, vão ser a 1ª banda pô!
Já tá valendo!!
hahahahaha
Égua, eu ri aqui.


As reações adversas foram as mais fortes possíveis contra o coletivo, que não teve outra alternativa senão voltar atrás e convidar mais uma vez (depois de os tê-los dispensado) e readmiti-los na programação do festival.
O episódio mostra que a valorização da música paraense não é tão forte como a maioria dos produtores e coletivos alega. Enquanto em outros estados artistas locais tem grande destaque e cuidado por parte dos organizadores, aqui a atitude inicial da Barbara mostrou que o "coletivo" muitas vezes defende apenas uma visão de desenvolvimento restrita, que dá status e oportunidades individuais e não prioriza, verdadeiramente, a cena local.
Os “megafonicos” reclamaram dos que chamaram de “chorões” nos comentários do blog, mas isso pode prejudicá-los no entendimento de que quem entra em discussão política, como são os casos das políticas culturais, precisa aprender a ouvir o contraditório e respeitar a opinião alheia. Só assim o setor cultural vai poder construir um projeto unitário de política pública que corrija as distorções regionais e de classe no setor. Se for só o rock pelo rock, então não precisa de Partido da Cultura nem de dinheiro público, e nem de banda que se pague pra vir tocar e enaltecer a figura de quem organiza e monta o circo, como se os artistas fossem palhaços no picadeiro.
Gostataria de dizer, porém, que, apesar das críticas que aqui teço, acredito que o episódio pode colaborar para mudar essa realidade, fazendo as bandas se organizarem em torno de um projeto de desenvolvimento setorial que seja justo, principalmente quando for subsidiado por dinheiro público.
Vamos conversar séria e francamente sobre isso? Acho que o Fórum Permanente de Música do Pará e a Associação Comunitária Paraense de Rock – Pro Rock, movimentos dos quais eu participo, podem contribuir com esse debate. Para provar que realmente está decidida a dialogar sobre cultura sugiro à Barbara que convide as duas entidades a se fazerem presentes nos debates do Congresso Fora do Eixo e discutir os temas fundamentais para o desenvolvimento da cadeia produtiva da música no Brasil, na Amazônia e no Pará.

10 comentários:

Bárbara Andrade disse...

Vc não cansa né Nicolau?
O ressentimento por não conseguir dialogar com o CFE é tão grande assim?
Vai me chamar de radical eternamente, porque eternamente vou ficar o mais longe de vc possível, seja onde for. Diálogo no Congresso FDE Norte??? Com todas as entidades possíveis, desde que vc não esteja envolvido. Com todos os coletivos de Belém, movimentos, e quem mais quiser participar, todos estão convidados. Menos você.
E pode me chamar de radical, oq vc fala sobre mim não me afeta nem um pouco.
Sobre o caso do DDT, conversei com eles, mandei um email, entramos num consenso, se errei, pedi desculpas, eles tbm, e vc, cidadão, nada tem a ver com isso. É amador até no nome mesmo, de levantar polêmica que já se encerrou... ai ai...

Eu ainda fui ingênua algum tempo de tentar manter diálogo com vc, mas vi que a cadeia cultural inteira de Belém não poderia estar errada, era cilada. Demorei bem pouco pra perceber e me afastei. Você consegue brigar com todo mundo que se envolve e não se toca. Deus tenha piedade da sua alma (e da minha tbm, por ainda perder tempo com vc).
E tenho muita segurança no que tô falando, porque até com as lideranças nacionais do Fora do Eixo, vc conseguiu brigar!!! Nem o FNM nacional te apóia! Meu deus.... dai me paciência.
Já vou, tenho um festival enorme pra terminar de produzir em pouco tempo, tempo que é precioso demais pra ser gasto aqui.

Nicolau Amador disse...

Oi, Barbara,

não querendo mesmo levantar polemicas "mortas" ou acabadas, apenas fiz um registro de um fato que considero relevante, como demonstram os comentários do blog dos DDT mesmo tendo encerrada a discussão. O fato que vc parece não perceber é que essa polemica é sintoma de uma "doença" que os musicos parecem tratar ignorando-a. Fazer festivais somente não fortalece a cadeia produtiva, é preciso ter formação e produção. Para isso a música precisa se capitalizar e para se capitalizar precisa de apoio, apoio que nem sempre os festivais podem dar, em algumas situações porque mesmo com muita boa vontade não têm como dar. Em outros casos, como foi o que vc demonstrou, não apoia porque não quer, ou porque é rancoroso de algo, ou porque suas ações são pautadas por vaidade, de querer mostrar que são superhomens, supermulheres capazes de realizar grandes eventos sem dinheiro, sem apoio e sacrificando muitas vezes o músico. Não sou contra a colaboração nem as redes. Desde de que estejam dentro de um projeto de política publica unificado e coerente. É isso que o FNM apoia.
Bom, para completar acho ótimo que vc promova o debate com quem representa essas instituições que citei. Não sou só eu que os representa, voce os conhece. Mas não espere mesmo que eu me cale porque voce não gosta da minha voz.

Bom trabalho.

Anônimo disse...

Acho que está faltando muita ética em todo o processo.

Pois, já vi O próprio Nicolau passando a perna em várias pessoas ao mesmo tempo(até agora estamos esperando uma resposta concreta a respeito do evento da pro rock e nada) e não falamos nada.

Lembro-me de um evento ao qual não vou citar que teriam graças a deus cachê para as bandas, de 100 reais. Seguido da palavra"50 destinados para isncrição da pro rock e mais 50 para destinos de videos"...passou então mais de um ano e nada é feito a respeito disso. Cade a grana ou cade o video ou mesmo cade a justificativa..e a minha inscrição na pro-rock...de que vale?

levando em consideração a quantidade de bandas que tocaram...foi mais de 1000 paus que ninguém teve noticias.

juro que guardavamos isso...mas é foda só ver a galera falando mal...

sei que estamos nos rebaixando aqui ao mesmo nivel do DDT e do Nicolau...mas sinceramente...é o preço que pagamos por querer fazer a mesma coisa pela cena...

Nicolau se tu só querias registrar...porque pelo menos não teve um contato inicial...em vez de tentar sabotar esse que pode vir a ser um novo grande evento para a nossa cena?

nada mais somos do que um grupo de bandas pegando porrada e aprendendo, porque queremos fazer alguma coisa acontecer na cidade... a Bárbara é só uma colaboradora que vem defendendo os interesses e as idéias do coletivo que está aberto pra receber quem quer que tenha a mesma vontade, porque, conflito é de idéias é o que mais tem no megafônica, mas o sonho é o mesmo e é isso que importa.

Queremos promover música. Se acham errado no que estamos fazendo, cheguem junto e discutam as idéias... ficar apedrejando só vai denegrir ainda mais a cena paraense que já tem a imagem muito feia fora do estado.

Ass: Andro e Saul.

Anônimo disse...

cara

Anônimo disse...

xas

Nicolau Amador disse...

Andro e Saul,

liberei seu comentário mesmo considerando que o primeiro termo da resposta é ofensivo e calunioso, do modo como voces o fizeram. Mas entendo que estão sob a pressão das coisas, entendo q organizar um festival não é nada fácil e que exige muito sangue frio principalmente qdo estão sob esse tiroteio.
Liberei o comentario pelos outros temas. Acho interessante q voces se mostrem mais favoraveis ao dialogo. Sei como é ser o vertice das atenção sendo tão personalista. Acaba prejudicando muito a imagem do coletivo. Acontece comigo em relação à Pro Rock. Mas isso também está mudando.
Acho que podemos conversar e dialogar tranquilamente. Mas acho que está registrado nas listas e nesse blog o fato de que sempre estivemos chamando o debate e o dialogo, fosse na pro rock, fosse nos foruns que fomentamos.
Sobre o Bafafa, quisemos muito fazer o bafafa diferente e pagar ao menos uma ajuda de custo às bandas, e agregar todo mundo. Um regra de principio é basica e sempre mantivemos a coerencia em relação a isso: podemos ate não pagar mas tambem não cobramos ingresso das pessoas em praça publica.

Sei que muitas bandas foram generosas e as agradeço, em meu nome e em nome da pro rock, enormemente por isso. Infelizmente os apoios que conseguimos não deixaram os planos ocorrerem da forma como esperavamos. Tivemos problemas que foram desde o embargo de palco e ate problemas de registros dos videos.

Mas conseguimos entregar algum material bruto em video, como o de voces q podem servir a quem tem estrutura de edição de video (como o megafonica) para promoção da banda. As demais bandas estamos voltando a negociar individualmente nesse segundo semestre, qdo nosso ponto de cultura volta a funcionar com todo o aprendizado que tivemos ao longo desses sete anos de pro rock e com recursos tecnologicos e humanos que ate entao não poderiamos ter, e que agora temos graças ao apoio do edital de pontos de cultura e do conexao vivo, que é parceiro.

Um outro caso, é que a parte do cache poderia ser destinada a inscrição na pro rock como foi dito mas era so uma etapa no processo de filiação que acabou não se concretizando por todos os problemas que tivemos. Esse processo de novas filiações vai ser reaberto novamente no inicio de setembro.

Muitas outras mudanças da estrutura e funcionamento da pro rock também serão feitas. Estamos trabalhando e investindo em politicas publicas, estimulamos o Sebrae, que criou o Para Pro Música, e estamos pensando nos conceitos de APL. Com as varias ações propostas podemos fortalecer os elos da cadeia e mudar verdadeiramente o nivel profissional da cena musical "independente". Pro Rock, Se Rasgum, Ná Music e outros são, no meu entendimento, atores fundamentais para esse desenvolvimento produtivo que só agora atingem o seu ponto mais elevado de maturidade.
Tem espaço para todo mundo e acho que os mais novos podem poupar muito da dor de cabeça q esse processo implica se dispondo a dialogar e aprender.

Outra coisa é que o registro "jornalistico" não prescindia de nenhuma "consulta". Esse conceito de voces ta errado, ninguem tem que pedir permissão para cocmentar. Acho que as coisas estao postas como muito cuidado e responsabilidade sem excessos e nem leviandades. Então, é como eu disse, bom trabalho para voces e pelas bandas. Nos aqui tambem estamos tentando corrigir as nossas falhas, e fico feliz que voces também.
Informaremos as proximas etapas desse processo diretamente com as bandas parceiras.
Cordialmente.

Nicolau Amador disse...

Andro e Saul,

liberei seu comentário mesmo considerando que o primeiro termo da resposta é ofensivo e calunioso, do modo como voces o fizeram. Mas entendo que estão sob a pressão das coisas, entendo q organizar um festival não é nada fácil e que exige muito sangue frio principalmente qdo estão sob esse tiroteio.
Liberei o comentario pelos outros temas. Acho interessante q voces se mostrem mais favoraveis ao dialogo. Sei como é ser o vertice das atenção sendo tão personalista. Acaba prejudicando muito a imagem do coletivo. Acontece comigo em relação à Pro Rock. Mas isso também está mudando.
Acho que podemos conversar e dialogar tranquilamente. Mas acho que está registrado nas listas e nesse blog o fato de que sempre estivemos chamando o debate e o dialogo, fosse na pro rock, fosse nos foruns que fomentamos.
Sobre o Bafafa, quisemos muito fazer o bafafa diferente e pagar ao menos uma ajuda de custo às bandas, e agregar todo mundo. Um regra de principio é basica e sempre mantivemos a coerencia em relação a isso: podemos ate não pagar mas tambem não cobramos ingresso das pessoas em praça publica.

Sei que muitas bandas foram generosas e as agradeço, em meu nome e em nome da pro rock, enormemente por isso. Infelizmente os apoios que conseguimos não deixaram os planos ocorrerem da forma como esperavamos. Tivemos problemas que foram desde o embargo de palco e ate problemas de registros dos videos.

Mas conseguimos entregar algum material bruto em video, como o de voces q podem servir a quem tem estrutura de edição de video (como o megafonica) para promoção da banda. As demais bandas estamos voltando a negociar individualmente nesse segundo semestre, qdo nosso ponto de cultura volta a funcionar com todo o aprendizado que tivemos ao longo desses sete anos de pro rock e com recursos tecnologicos e humanos que ate entao não poderiamos ter, e que agora temos graças ao apoio do edital de pontos de cultura e do conexao vivo, que é parceiro.

Um outro caso, é que a parte do cache poderia ser destinada a inscrição na pro rock como foi dito mas era so uma etapa no processo de filiação que acabou não se concretizando por todos os problemas que tivemos. Esse processo de novas filiações vai ser reaberto novamente no inicio de setembro.

Muitas outras mudanças da estrutura e funcionamento da pro rock também serão feitas. Estamos trabalhando e investindo em politicas publicas, estimulamos o Sebrae, que criou o Para Pro Música, e estamos pensando nos conceitos de APL. Com as varias ações propostas podemos fortalecer os elos da cadeia e mudar verdadeiramente o nivel profissional da cena musical "independente". Pro Rock, Se Rasgum, Ná Music e outros são, no meu entendimento, atores fundamentais para esse desenvolvimento produtivo que só agora atingem o seu ponto mais elevado de maturidade.
Tem espaço para todo mundo e acho que os mais novos podem poupar muito da dor de cabeça q esse processo implica se dispondo a dialogar e aprender.

Outra coisa é que o registro "jornalistico" não prescindia de nenhuma "consulta". Esse conceito de voces ta errado, ninguem tem que pedir permissão para cocmentar. Acho que as coisas estao postas como muito cuidado e responsabilidade sem excessos e nem leviandades. Então, é como eu disse, bom trabalho para voces e pelas bandas. Nos aqui tambem estamos tentando corrigir as nossas falhas, e fico feliz que voces também.
Informaremos as proximas etapas desse processo diretamente com as bandas parceiras.
Cordialmente.

Anônimo disse...

só um parentese aqui: quando falamos "não vamos nos rebaixar ao nível do DDT e do Nicolau", nos referimos ao nível de exposição de debate ao público. Acredito que esses assuntos devem e podem ser resolvidos de outra forma.
não quisemos de nenhuma forma agredir a banda, principalmente depois de termos nos entendido.
peço desculpas se de alguma forma ofendemos a banda.

Saul.

Anônimo disse...

Espero que um dia todos ainda possamos trabalhar juntos sem problemas e ressentimentos...fazendo simplesmente o que gostamos de fazer.

Música.

abraços.

Andro

Anônimo disse...

espero que um dia as panelas se explodam e com isso se dê mais importância quem está há décadas ralando divulgando a música seja ela regional,nacional ou gringa em belém..mas por aqui só tem paraquedistas e bicões..isso vale pra todas as atividades ligadas a disseminação da música( bandas,músicos,jornalistas,radialistas e djs..mas se não rolar o puxasaquismo muitos ficam no ostracismo..ney messias e sua trupe são todos bicões,se não gravitar sob a se rasgum não tem reconhecimento...tem que achar o tecnobrega bacana para ficar bem na foto..o saco já encheu..santo de casa não faz milagres quantos já foram excomungados nessa ladainha que já rola há anos..se não valorizar as pessoas certas e badalhadoras a discussão será sempre uma retórica..temos que apagar as fogueiras das vaidades dos oportunistas..lobão está certíssimo quando diz que a internet não vai salvar ninguém_--_sei que vc não vai postar meu comentário porém fique sabendo o que muitos pensam além da fronteira do admirável mundo novo...Grilo Falante