domingo, 14 de fevereiro de 2010

Musica Pará, Música Para...

¨A música constitui, ao mesmo tempo, a manifestação imediata do instinto humano e a instância própria para o seu apaziguamento¨.
Theodor W. Adorno

O consultor do Sebrae-PA Bruno Franco usa as palavras do famoso teórico da chamada escola de Frankfurt, que ajudou a decifrar os enigmas da cultura de massas, para contextualizar a música paraense. O diagnóstico setorial do projeto Pará Pro Música é um documento de 90 páginas que foi apresentado ao público na semana passada em uma reunião no auditório do SEBRAE. Fruto de estudos e entrevistas com quase 80 artistas e produtores da Região Metropolitana de Belém ele traz uma grande novidade para quem vive e estuda esse mercado há anos: a sistematização de dados e informações indispensáveis ao empreendedor. Algo imprescindível para seu desenvolvimento como mercado.
Através desse estudo é possível ter noção de como funciona o mercado fonográfico nacional e como se insere nele o singular mercado paraense, hoje objeto de estudiosos do mundo inteiro, graças, principalmente, ao fenômeno regional de massas chamado tecnobrega.
Além de questionários objetivos foram feitas entrevistas qualitativas com os principais agentes que atuam no mercado da RMB hoje: representantes da MPP (Cesar Escócio da ACLIMA), do rock (Rui Paiva, da Pro Rock), do brega clássico (Fernando Belém), da música de raiz (Marcio Jardim, da Associação de Percussionistas do Pará/Amapá), além de produtores e empresários do Coletivo Megafônica, MM Produções, Dançum Se Rasgum e NA Music, entre outros.
O documento faz parte agora do escopo do projeto Pará Pro Música, que vai ser lançado oficialmente na próxima sexta-feira, 19, depois deste Carnaval chuvoso, às 14h30 no auditório do Sebrae-PA na Av. Municipalidade, bairro do Telegrafo.
O projeto Pará Pro Música pode dispor de até meio milhão de reais durante três anos e traz entre as ações previstas a criação de uma feira de música de Belém (do Pará?), cursos de produção musical em nível tecnológico, formação e fortalecimento de rede de negócios, incentivo a mostras e festivais através de ações de promoção, participação em feiras nacionais e internacionais, além da qualificação empreendedora que cabe bem ao Sebrae.
O projeto pode significar uma pequena (enorme) revolução no mercado musical paraense, ainda mais quando for linkado às ações de apoiadores e colaboradores como a Secretaria de Estado de Cultura e outros órgãos, inclusive da iniciativa privada. Tal projeto, no entanto, impõe um desafio à classe artística e aos empreendedores do setor: organização e participação. Desafio que requer boa vontade de passar por cima de rusgas e ressentimentos que este mercado fomenta a todo momento. Será que, por tão pouco, vamos perder mais uma vez o bonde da História?! Se a música é o que Adorno diz que é, acredito que há uma chance de superar isso.

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