Marcelo Kahwage e Dahrma Burns em um dos primeiros shows autorais do grupo. Registro de Ana Flor no segundo Bafafá na Praça da República
Marcelo Kahwage tem 29 anos e curte som desde os 15. Ouviu tanta música pop gringa que aprendeu a fazer canções em inglês com melodias elaboradas e pegajosas como alguns dos melhores compositores contemporâneos do estilo. Começou a ter destaque no rock paraense a partir de 1998 quando inaugurou a banda de grunge metal Caustic, que acabou em 2005 por divergências musicais. Depois de quase dois anos parado, voltou à ativa. Certa vez ele me disse: “Cara, eu gosto de música pop, gosto de produção. Esse papo de música lo fi me parece desculpa para fazer música ruim”. Com essa filosofia e suando a camisa para compor, Marcelo Kahwage e a banda Dahrma Burns chegaram a seu primeiro registro, Debut, que tem lançamento virtual no site Independentes do Brasil. Enquanto Marcelo deve estar num busão a caminho de Cuiabá, confira a entrevista abaixo que fizemos pelo MSN.
Nicolau: Como foi a experiência com o Caustic?
Kahwage: O Caustic foi meu primeiro passo como musico e compositor, foi uma banda muito importante do cenário, apesar das limitações de estrutura e outros aspectos, deixou sua marca em Belém. A banda acabou em 2005 por divergências musicais, mas de um modo tranquilo e sereno, apesar de ter deixado muita gente que curtia o som meio triste. Fizemos boas canções, tenho orgulho.
Quando você retomou seu trabalho como compositor e decidiu montar outra banda?
Tive que ficar um tempo só, tive uma banda cover muito importante pro meu amadureçimento musical , que foi bonustrack, que acabou também...fiquei um tempo procurando músicos, mas não queria os tarimbados, procurei uma pessoal novo, que fosse amadureçendo de acordo com o que queria criar, levei umas negativas. Tive muito problema com isso...
Não brinca!? Problema com músico?!
Mas achei a galera do Dharma que se mostrou muito talentosa e receptiva com minhas idéias.
Quando surgiu o Dahrma?
Surgiu final de 2006 como banda cover...Dai fizemos nossa primeira música chamada "Comfort me now" que foi muito bem aceita e de cara entramos no CCAA Fest, no outro ano entramos com Shining Stars. Daí foi só subir, tocamos no festival de musica independente, organizado pelo Bafafá Pro Rock, fomos selecionados diretamente pra tocar no Se Rasgum 2009, trabalhamos com o Gustavo Dreher, entramos no Megafonica, fomos selecionados em 3 gritos, sendo que em Brasília, disputamos com mais de 200 bandas. Ta sendo ótimo.
Dá para perceber muitas influências na música do Dahrma Burns, mas gostaria que você mesmo as nomeasse...
O Dharma Burns tem basicamente sua quintessência na musica pop, acho que os principais subestilos são o Indie Rock, o Powerpop dos anos 90 e o British Pop, mais ouvimos muitas coisas...acho que nosso som tá passando por uma metamorfose agora. Estamos incorporando alguma coisa dos 80's, sempre dando valor à melodia.
Esses estilos abarcam muitas bandas, quais as que você mais curte?
Cara, todo o dia acordo escutando os Beach Boys, eles são maravilhosos...curto muito Motown 60 e 70 e standards do pop (Burch Bacharat , Todd rundgreen) e bizarrices do pop 80's como Kate Bush e Talking Heads. No brasil pra mim quem manda é o Arnaldo Baptista.
Compor em inglês é uma opção?
Sim, digamos que sempre escutei muita música cantada em inglês. lembro do primeiro álbum que ouvi, um do Dire Straits, fiquei louco com o riff de "Money for Nothing". Mas podemos compor em português...to vendo essa possibilidade.
Como foi gravado o Debut? Quais as intenções da banda com esse registro de estréia?
Fizemos uma peneirada das nossas musicas mais fortes, algumas delas como Comfort Me Now e Day By Day tem mais de dois anos, nos concentramos em fazer os arranjos bem cuidadosamente, dobras de guitarras, trabalhamos o teclado, uma bateria simples, mas muito coesa e forte. Tive ajuda nas letras com ótimos letristas como Andro Baudelaire e Aloízio Neto. Gravamos com o Ivan Jangoux, que é um ótimo produtor. Meus companheiros estão de parabéns me ajudando nas composições. O Rafa fez guitarras maravilhosas e os outros não ficaram atrás e em todo o resto. Como a banda canta em inglês, tentei pegar as pessoas pela melodia vocal... me lembro do Elder [Effe, do Ataque Fantasma] me falando: "Cara, me identifiquei muito com as músicas do Dharma Burns, vocês sintetizam todas as influências que o Ataque Fantasma tem". Fico feliz, vindo dele que é um ótimo músico e melodista.
E essa de você ter mais duas bandas? Você parece os workaholics do rock moderno, tipo Dave Grohl, Josh Homme, Jack White...
(rsrs) É inevitável isso. Falei pro [publicitário e blogueiro] Azul: é pra compensar o tempo que fiquei parado. Sei me dividir, e também não trabalho só. A galera do Dharma me dá todo o suporte, no Baudelaires, tem o Andro, que é um puta músico, e no La Orchestra Invisível me divido com a Larissa Rigby, que vai dar o que falar esse ano.
Como você avalia o cenário do rock paraense agora em comparação com a época quem que você atuava no Caustic?
Naquela época era bem difícil. A estrutura de som não aguentava o Caustic, era na raça. Mas era bem legal. Hoje tá tudo mais fácil...internet, melhores estruturas etc. Acho que o rock esse ano vai dar uma guinada poderosa. Espero boas novas esse ano.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário